Murdoch sabia das escutas, diz ex-executivo da News Corp.
Segundo Tom Crone, magnata e seu filho tiveram acesso a evidências do caso
Na esteira do escândalo das escutas ilegais, Tom Crone, ex-conselheiro-chefe de assuntos jurídicos da News International – braço britânico do conglomerado de Rupert Murdoch – fez uma nova revelação. Ele diz ter mostrado a James Murdoch, presidente do grupo e filho do magnata, evidências sobre o uso de grampos por profissionais do tabloide News of the World, que saiu de circulação após 168 anos de história.
Entenda o caso
- • O tabloide News of the World recorria a detetives e escutas telefônicas em busca de notícias exclusivas.
- • Entre as vítimas dos grampos estão celebridades, políticos, membros da família real e até parentes de soldados mortos.
- • Policiais da Scotland Yard também teriam sido subornados para fornecer informações em primeira mão aos jornalistas.
- • O escândalo forçou o fechamento do jornal sensacionalista, que circulou por 168 anos e era um dos veículos do grupo News Corp., do magnata Rupert Murdoch.
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A declaração foi dada em uma audiência do Comitê de Meios de Comunicação da Câmara dos Comuns. De acordo com Crone, Murdoch e seu filho sabiam da existência de um e-mail que informava sobre a prática, intitulado Para Naville. Os Murdoch disseram ao mesmo comitê, em julho, que desconheciam a mensagem.
Na mensagem havia a transcrição de uma informação obtida ilegalmente sobre Gordon Taylor, diretor de uma federação de jogadores de futebol. Na mesma reunião em que Murdoch foi informado sobre o e-mail, ele teria autorizado um pagamento de mais de 425.000 libras (cerca de 1,13 milhão de reais) como indenização a Taylor pelas escutas ilegais.
Quando este e-mail interno circulou, em abril de 2008, o então correspondente da família real para o News of the World, Clive Goodman, já havia sido preso por ter grampeado telefones para obter informações exclusivas.
Novo depoimento – Além de Crone, comparecem ao comitê o antigo diretor do tabloide Colin Myler, o ex-diretor jurídico Jon Chapman e o ex-diretor do departamento de Recursos Humanos Daniel Cloke. Em declarações feitas à rede britânica BBC no mês passado, o presidente do Comitê de Cultura, John Whittingdale, não descartou chamar Rupert Murdoch novamente para responder mais perguntas.
(Com agência EFE)