Egípcios vão às ruas para exigir renúncia de Mursi
No aniversário de um ano da posse de Mohamed Mursi, país registra protestos
Centenas de milhares de egípcios foram às ruas neste domingo, dia que marca um ano da posse de Mohamed Mursi, para pedir a saída do presidente. Com bandeiras do Egito, a multidão ocupou a Praça Tahrir, na maior manifestação desde a revolta que derrubou o ditador Hosni Mubarak em 2011.
“O povo quer a queda do regime”, gritavam os manifestantes, ecoando as palavras ouvidas na época em que Mubarak deixou o poder, depois de 30 anos. Agora, o protesto ocorre depois de eleições diretas realizadas em junho do ano passado. A população que lutou pelo fim da ditadura viu Mursi se tornar um novo ditador, que ampliou os próprios poderes, cercou-se de islâmicos e não trouxe a esperada estabilidade ao país, que além de polarizado, enfrenta uma grave crise econômica.
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Nos últimos dias, confrontos entre apoiadores e opositores do governo deixaram pelo menos sete mortos – incluindo um jovem americano – e mais de 600 feridos. Neste domingo, houve pelo menos três mortes e quase 200 feridos, segundo autoridades. Além da capital, as manifestações deste domingo também ocorreram em dezenas de cidades, dentre as quais Alexandria, a segunda maior do país, e Port Said.
Os opositores do governo estão furiosos com a Irmandade Muçulmana, que levou Mursi ao poder, dizendo que o grupo tenta monopolizar o poder e forçar a aprovação de uma lei islâmica. Outros estão simplesmente frustrados com a crise econômica, aprofundada pelo impasse político, que persiste sob Mursi. Milhares de apoiadores do governo também se reuniram em uma mesquita na capital. Na cidade de Nasr, manifestantes levaram banners dizendo que estão dispostos a se tornarem mártires para manter o presidente no poder.
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Em entrevista ao jornal britânico The Guardian, Mursi descartou uma segunda revolução no Egito. Ele também rejeitou os pedidos de opositores para a realização de eleições presidenciais antecipadas e disse que não vai tolerar nenhuma violação da ordem constitucional. Se renunciar, afirmou, a legitimidade de seus sucessores ficará comprometida. “Se tirarmos alguém que foi eleito de acordo com a legitimidade constitucional, então haverá quem vai se opor também ao novo presidente, e uma semana ou um mês depois vão pedir para que ele também saia”.
(Com agência Reuters)