Estaduais enfim começam para valer. Só para atrapalhar…
Depois de três meses de partidas sem interesse e com pouca torcida, torneios esquentam - justamente na etapa mais difícil da Libertadores e Copa do Brasil
O Corinthians fez campanha sólida no Paulistão, conquistando o primeiro lugar na tabela, mas uma derrota no estadual pode abalar o time para as partidas decisivas da Libertadores, a prioridade do ano
Depois de três meses de disputa – com jogos sem grande interesse e com torcida escassa -, a primeira fase do campeonato estadual mais valorizado do Brasil terminou no fim de semana. Nesta terça-feira, a Federação Paulista de Futebol (FPF) divulgou as datas das quartas de final do torneio – quando, qualquer torcedor sabe, o Paulistão começa para valer. E, para desespero dos grandes clubes, a agenda de partidas previstas para as próximas semanas é cheia de armadilhas. Com os estaduais cada vez mais desequilibrados (poucos clubes do interior conseguem se destacar), um time pode passar um trimestre inteiro vencendo e mantendo a ponta da tabela, mas ver todo esse cartel ir por água abaixo em apenas 90 minutos, nas partidas eliminatórias. Pior: como esses jogos decisivos são quase sempre clássicos, o impacto de uma derrota pode ser desastroso – e uma bela campanha no fraco estadual pode, do dia para a noite, ser esquecida, dando lugar a uma crise. Para completar, a reta final dos estaduais acontece justamente nos momentos críticos da Copa Libertadores (com o início dos mata-matas) e da Copa do Brasil (com a chegada dos confrontos entre as equipes mais tradicionais).
O tamanho do estrago provocado por uma derrota em clássico no estadual foi bem ilustrado pelo Palmeiras nesta temporada. O time estava invicto em 2012, mas perdeu para o Corinthians na 15ª rodada do Campeonato Paulista. A equipe de Luiz Felipe Scolari caiu de produção repentinamente. Conseguiu se classificar apenas na quinta posição, depois de perder para o Guarani, que ficou com a quarta colocação, e na última rodada empatar em casa com o rebaixado Comercial, que jogou boa parte do segundo tempo com dois jogadores a menos. É apenas uma sombra do time que prometia engrenar no Paulistão. Entre os que disputam a Libertadores, o Corinthians fez campanha sólida no Paulistão, conquistando o primeiro lugar na tabela, mas uma derrota no estadual pode abalar o time para as partidas decisivas da Libertadores, a prioridade máxima do ano. Ainda que siga vencendo, o time ficará cansado para a disputa das fases eliminatórias do torneio continental. Outro que pode sofrer com o torneio nacional é o Santos, atual campeão, que lidera seu grupo na Libertadores, mas pode ter um clássico contra o rival São Paulo logo na semana em que começa o mata-mata da Libertadores, em que briga para ser bi. Segundo melhor do Paulistão na fase que vale quase nada, o São Paulo, que tenta um título inédito na Copa do Brasil, enfrentará o vencedor do duelo entre Atlético-GO e Ponte Preta na próxima fase. Um tropeço contra o Bragantino, no sábado, deixaria o time sob pressão extrema para avançar até a conquista da Copa do Brasil. E no Rio de Janeiro o cenário é semelhante: dois times disputam a Libertadores, um foi eliminado da competição internacional e outro está na Copa do Brasil. Classificado para a próxima fase da Copa Libertadores, vice-líder do grupo 5, o Vasco fez a segunda melhor campanha do grupo B do Campeonato Carioca e enfrenta o Flamengo, líder do grupo B. Na Gávea, com a eliminação na primeira fase da Libertadores, uma possível derrota contra o maior rival no estadual provavelmente custaria o emprego ao técnico Joel Santana, que é contestado no Flamengo. Já classificado na Libertadores, o Fluminense ficou fora das semis da Taça Rio, mas, como vencedor da Taça Guanabara, está classificado para a final do Carioca. A equipe de Abel Braga deve decidir o torneio estadual na mesma semana em que acontecem seus primeiros jogos decisivos na Libertadores. O Botafogo, cobrado pela escassez de títulos recentes, pega o Guarani na Copa do Brasil enquanto tenta se classificar para as finais do Campeonato do Rio.