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Com Olimpíadas, luxo e muitos famosos escolas desfilam na primeira noite do Rio

Nas arquibancadas, o tradicional grito de “É campeã” não foi entoado

Por Mônica Garcia
8 fev 2016, 07h06

A primeira noite de desfiles das escolas de samba do Grupo Especial do Rio de Janeiro, foi aberta com um cortejo em homenagem aos Jogos Olímpicos Rio 2016. O uso de luzes de LED nas fantasias e alegorias se repetiu em praticamente todas as escolas, dando efeitos surpreendentes.

No quesito ousadia a Beija-Flor saiu na frente e levou para a avenida drones que ajudaram em tempo real a agremiação de Nilópolis a corrigir eventuais falhas. Com um desfile impecável a azul e branco deve brigar pelo bicampeonato e foi o destaque da primeira noite. A Unidos da Tijuca que sempre procura surpreender os jurados não empolgou. Com um desfile correto, mas não grandioso a escola não deve brigar pelo título.

A Mocidade Independente de Padre Miguel fez um desfile bonito e conquistou o público, mas teve problemas com algumas alegorias, principalmente, na dispersão. Nenhuma escola ouviu das arquibancadas o tradicional grito de guerra “É Campeã”, e todas passaram dentro do tempo regulamentar.

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A primeira escola a abrir a passarela do samba, a Estácio de Sá, trouxe para a avenida o enredo “Salve Jorge! O Guerreiro na fé”. Ao falar sobre o santo guerreiro, a agremiação mostrou uma viagem a partir da Capadócia até o sincretismo religioso, que no Brasil, foi representado no orixá por Ogum. O diretor de televisão Jorge Fernando, veio à frente da escola representando seu santo de devoção.

Campeã da Série A em 2015 a vermelha e branca do Morro de São Carlos, que fica próximo ao sambódromo estava em casa, mesmo longe do grupo especial há nove anos, e fez um desfile correto para tentar se manter na elite do carnaval carioca. O segundo carro “Martírio” foi um dos que mais chamou a atenção. A segunda alegoria que tinha uma roda do martírio, inspirada na obra “Porta do Inferno”, de Auguste Rodin, mostrou toda a dramaticidade e sofrimento de Jorge ao se declarar cristão e não abrir mão de sua fé.

Com uma fantasia que representava um dragão a rainha de bateria Luana Bandeira, foi impedida de cuspir fogo na avenida. A performance não foi autorizada pelo Corpo de Bombeiros, minutos antes da escola entrar na Sapucaí.

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A União da Ilha do Governador com o enredo “Olímpico por natureza. Todo mundo se encontra no Rio” levou o maratonista Vanderlei Cordeiro cruzar a passarela com uma réplica da tocha olímpica, antes da escola entrar.

A agremiação mostrou na avenida bem mais que os Jogos Olímpicos, mas o espírito olímpico carioca e toda a hospitalidade que os povos receberão na cidade. A comissão de frente foi um dos principais pontos positivos da escola, ao trazer paratletas e bailarinos para fazer jus a fantasia “Transcender, Superar…Vencer”e emocionou o público nas arquibancadas com a bonita coreografia de Patrick Carvalho. Atletas olímpicos como Giba, Flávio Canto, Shelda, entre outros, desfilaram no último carro.

Os carnavalescos Jack Vasconcelos e Paulo Menezes fizeram os deuses do Olimpo sambaram com fantasias e alegorias que usavam luzes de Led e eram administrada por controle remoto com tecnologia via bluetooth. A segunda alegoria trouxe um sol gigante também de LED.

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O último carro teve um problema com os holofotes que queimaram ainda na concentração, e entrou na avenida sem os efeitos de luzes – o que deve gerar perda de pontos para a escola da Ilha do Governador. Os últimos componentes precisaram apurar o passo para não estourar o tempo regulamentar de 1h22min59seg.

A campeã do carnaval de 2015, a Beija-Flor de Nilópolis busca o bicampeonato com o enredo “Mineirinho genial! Nova Lima – cidade natal. Marquês de Sapucaí – O poeta imortal!”. A escola contou a história do personagem que dá nome a passarela do samba mais conhecida do mundo, Cândido José de Araújo Viana, o marquês de Sapucaí. Em tempos de crise, a comissão de carnaval da Beija-Flor optou por usar materiais mais baratos e com efeitos similares as plumas, unindo luxo e economia nas fantasias e adereços. A agremiação inovou no desfile desse ano e com a ajuda de drones procurou corrigir falhas que aconteciam ao longo da avenida.

A comissão de frente fez um desfile primoroso sob o comando do coreógrafo Marcelo Misailides.

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A bateira dos mestres Plínio e Rodney levou para a Sapucaí instrumentos clássicos tocados por jovens músicos da Orquestra Maré do Amanhã. A agremiação fez um desfile perfeito tecnicamente com fantasias, adereços, alegorias e alas impecáveis e com muito luxo, mas o enredo não empolgou muito o público nas arquibancadas. A atriz Cláudia Raia, madrinha da escola, foi destaque no chão e conduziu o quarto carro “O Executivo do Império”, com a fantasia “A Dama mais nobre da corte do Brasil”.

A Acadêmicos do Grande Rio foi a quarta escola a desfilar na madrugada de segunda (8). Com o enredo “Fui no Itororó beber água, não achei. Mas achei a bela Santos, e por ela me apaixonei” a agremiação de Duque de Caxias foi ao litoral paulista para buscar inspiração.

Acostumada a levar para a Sapucaí um time de celebridades a verde, vermelho e branco não pode contar com dois homenageados, os craques da bola e crias dos Santos Futebol Clube, Pelé e Neymar Jr. O maior jogador de futebol de todos os tempos, Pelé, não pode comparecer por recomendação médica. Já Neymar por causa de compromissos profissionais no Barcelona. Em seu lugar no carro como destaque desfilou seu pai, Neymar da Silva Santos, que vem enfrentando problemas com a justiça. Ele teve o sigilo das denúncias quebrado essa semana pela justiça brasileira e foi acusado pelo MPF (Ministério Público Federal ) de ser o mentor e articular de diversas fraudes.

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Já no quesito artistas a agremiação caxiense não falhou e levou as musas Ana Hickmann, Monique Alfradique, Thaila Ayala, Julianne Trevisol e a rainha da bateria Paloma Bernardi. A atriz Susana Vieira, que já teve o posto de Paloma este ano desfilou em cima de um carro alegórico. A escola passou bonita, mas sem grandes destaques, fazendo um desfile morno.

Sem vencer desde 1996 a Mocidade Independente de Padre Miguel levou para a Sapucaí o enredo “O Brasil de la Mancha: Sou Miguel, padre Miguel. Sou Cervantes, Sou Quixote cavaleiro, Pixote brasileiro”. A verdade e branca contou as mazelas do Brasil, com muita licença poética para um tema politizado. Os escândalos de corrupção, as maracutaias, escândalos… foram o fio condutor para que Dom Quixote encontre a solução para o fim de tantas falcatruas no país. Os carnavalescos Alexandre Louzada e Edson Pereira fizeram um desfile bonito e bem executado com fantasias e adereços luxuosos.

A cantora Claudia Leitte fez bonito à frente da bateria do mestre Dudu e ajudou a levantar o público na madrugada. A cantora Anitta foi outra que chamou a atenção dos fãs como musa da agremiação. Com carros gigantescos a Mocidade teve problemas na armação e na dispersão e algumas alegorias precisaram ser empurrados e seus eixos desacoplados para não prejudicar a evolução da escola. Um dos carros teve um princípio de incêndio já na dispersão. Bombeiros precisaram ser acionados.

A última alegoria trouxe um fio de esperança para os desacreditados. O carro “A Hora da Estrela” foi uma espécie de lava-jato de dias melhores para um país mais justo, honesto e humano.

A Unidos da Tijuca foi responsável por fechar a primeira noite de desfiles da elite do carnaval carioca. A escola da zona norte com o enredo “Semeando Sorriso, a Tijuca festeja o solo sagrado” não abriu mão de suas tradicionais alegorias humanas, mas não surpreendeu, como de costume. A cidade de Sorriso, em Mato Grosso, maior produtora de soja do mundo, ajudou a contar a história. Com as arquibancadas mais vazias, mais não menos empolgada a escola apostou numa grande festa do homem do campo. A azul e amarelo optou por usar um carro na coreografia da comissão de frente. Com muito chão, as alas vieram muito bem coreografadas e foram um show à parte.

A rainha de bateria Juliana Alves com muito samba no pé, simpatia e identidade com a escola arrebatou o público à frente da bateria poderosa do mestre Casagrande.

Sem dinheiro a escola optou por usar plantas no lugar das famosas e caras plumas. Ao falar sobre o homem simples do campo e da agricultura as inovações do antigo carnavalesco Paulo Barros deixou saudades e a escola não se superou na avenida.

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