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Drama com Vincent Cassel é inverossímil e sem inspiração

É difícil saber o que é pior em 'Mon Roi': o início improvável do romance entre os protagonistas ou quando as coisas degringolam e tudo vira uma DR sem fim

Por Mariane Morisawa, de Cannes
17 Maio 2015, 14h33
Cena do filme 'Mon Roi', com Emmanuelle Bercot e Vincent Cassel
Cena do filme ‘Mon Roi’, com Emmanuelle Bercot e Vincent Cassel (VEJA)

Festival de cinema é assim mesmo. Num dia você assiste a Carol, um romance complexo, delicado e bem filmado de Todd Haynes, com grande atuação de Cate Blanchett. Não dá nem doze horas e está de volta a uma sala de cinema para assistir a Mon Roi (Meu rei, na tradução direta), uma história de amor inverossímil, rodada com mão pesada e sem inspiração pela francesa Maïwenn. O longa-metragem foi exibido na manhã deste domingo para jornalistas dentro da disputa pela Palma de Ouro no 68º Festival de Cannes.

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É difícil saber o que é pior: o início do romance entre a advogada Tony (Emmanuelle Bercot, diretora do fraco filme de abertura, La Tête Haute) e o restaurateur Georgio (Vincent Cassel) ou quando as coisas degringolam e tudo vira uma DR sem fim.

O filme começa com Tony esquiando numa montanha. Logo depois, sabemos que ela sofreu uma queda feia e está numa clínica de recuperação. Uma psicóloga meio esotérica sugere que o acidente foi, de certa forma, “provocado” por uma crise pessoal de Tony. Parece piada – muita gente riu durante a sessão de imprensa -, mas é sério.

Em flashbacks, Mon Roi mostra como Tony aborda Georgio numa boate. O jeitão jovial de Georgio atrai a certinha Tony, que ri de tudo o que ele fala e faz. E olha que Georgio só é engraçado às vezes. Piora quando, pressionada por ele, Tony aceita ter um filho com Georgio. Aí quer que o moço fique sério. E dá-lhe discussão. Não demora para Georgio se mudar para um apartamento na mesma rua, garantindo que tudo está bem. O irmão mais novo de Tony, Solal (Louis Garrel, surpreendentemente engraçado), percebe logo que Georgio é fria, mas a irmã não ouve.

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A trama, claro, é velha. E Maïwenn, que teve a sorte de levar um Prêmio da Crítica pelo fraquíssimo Polissia em 2011, não faz nada para injetar qualquer vida ou verossimilhança na história, a começar pela idade dos personagens – é difícil de acreditar num casal como esse na faixa dos 40. Georgio e Tony não são pessoas de verdade. Tony o acusa de ser infantil, mas é tanto quanto. Ele beira a sociopatia e nem Vincent Cassel, um bom ator que tem algo de adorável, consegue salvá-lo.

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Na parte do presente, em que ela está na clínica, o paralelo é tão óbvio que chega a ser constrangedor. Tony, que estourou o joelho, precisa reaprender a andar. E dá-lhe cena de fisioterapia, que prolonga o filme desnecessariamente em pelo menos uns quinze minutos.

Nota para a diretora: quando a história não tem nada de nova, é preciso construir muito bem os personagens ou usar um estilo visual interessante, pelo menos. Para filmes sobre relacionamentos abusivos e acidentes traumáticos (realmente traumáticos no caso), Maïwenn deveria dar uma olhadinha em Ferrugem e Osso, do seu compatriota Jacques Audiard.

https://www.youtube.com/embed/L8e8S-4E7lY
‘Il Racconto dei Racconti’, de Matteo Garrone

Depois de estourar com Gomorrah e Reality, o diretor italiano volta-se para os contos de fadas, adaptando histórias de Giambattista Basile (1566-1632), que reuniu algumas das primeiras versões de Rapunzel e Cinderela. No elenco, Salma Hayek, Vincent Cassel e John C. Reilly. É o primeiro filme do cineasta falado inglês.

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The Lobster
The Lobster (VEJA)

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‘Irrational Man’, de Woody Allen

Emma Stone faz seu segundo trabalho em sequência com o veterano diretor nova-iorquino, com quem já rodou Magia ao Luar (2014). Ela é a estudante por quem um professor de filosofia em crise existencial (Joaquin Phoenix) se apaixona, encontrando propósito na vida. O longa-metragem foi rodado na pitoresca Newport, no Estado de Rhode Island. 

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‘Mia Madre’, de Nanni Moretti

O italiano Nanni Moretti gosta de usar elementos autobiográficos. Em Mia Madre, usa a experiência de perder sua mãe durante as filmagens de Habemus Papam (2011) como a inspiração para a cineasta Margherita (Margherita Buy), que tenta levar adiante seu longa de fundo político enquanto cuida da mãe e lida com um astro complicado (vivido por John Turturro).  

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https://www.youtube.com/embed/0P-gn9dZG7s
‘Carol’, de Todd Haynes

Baseado em um romance de Patricia Highsmith, mostra a história da jovem Therese (Rooney Mara) que se apaixona por Carol, uma mulher casada e mais velha (Cate Blanchett), na Nova York dos anos 1950. Kyle Chandler (Bloodline) interpreta o marido de Carol. Entre Eu Não Estou Lá (2007) e Carol, Todd Haynes fez a minissérie Mildred Pierce

Sicario
Sicario (VEJA)

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‘Youth’, de Paolo Sorrentino

Em seu segundo filme falado em inglês – o primeiro foi Aqui É o Meu Lugar, com Sean Penn –, o italiano Paolo Sorrentino mostra dois velhos amigos, o compositor e maestro Fred (Michael Caine) e o cineasta Mick (Harvey Keitel), em férias num hotel nos Alpes. Paul Dano, Jane Fonda e Rachel Weisz também estão no elenco. 

Love
Love (VEJA)

Macbeth
Macbeth (VEJA)

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