Crise dos refugiados vira assunto no Festival de Veneza
Evento começou no mesmo dia em o mundo ficou chocado com a foto do garoto sírio de 3 anos que morreu afogado ao tentar chegar à ilha grega de Kos
Poucas pessoas não estão se sentindo afetadas nas últimas semanas pelo sofrimento dos refugiados que tentam desesperadamente chegar à Europa. No Festival de Veneza, que começou no mesmo dia em que o mundo se chocou com a foto do menino sírio Aylan Kurdi, de 3 anos, que morreu afogado no Mediterrâneo ao tentar chegar à ilha grega de Kos, atores e diretores compartilham sua aflição com o agravamento da crise, clamando por tolerância e compaixão.
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O diretor mexicano Alfonso Cuarón, cujo Gravidade abriu a edição do evento de 2013 e conquistou o Oscar de melhor diretor no ano seguinte, deu o tom dessa preocupação no primeiro dia do festival, quando exortou a Europa a acolher as pessoas que chegam às suas praias. “Sou um mexicano que mora na Europa e sempre me senti bem-vindo”, disse Cuarón, presidente do júri, na cerimônia de abertura. “Gostaria que, hoje e no futuro, as mesmas boas-vindas fossem estendidas a todos os imigrantes”.
A atriz britânica Tilda Swinton também estava na cidade italiana para a exibição de A Bigger Splash, que tem uma subtrama que envolve pessoas que chegam à ilha de Pantelleria, no Mar Mediterrâneo. “Posso só sugerir, aliás, que todos percamos o hábito de chamar alguém de imigrantes nesta situação?”, indagou. “Estamos lidando com refugiados, refugiados de guerra”.
O diretor britânico Tom Hooper, cujo A Garota Dinamarquesa é estrelado por Eddie Redmayne no papel da pioneira transgênero Lili Elbe, afirmou que imigrantes e refugiados, assim como as pessoas transgênero, são vítimas de preconceito. “Acho que este filme trata de inclusão, mas da inclusão tornada possível pelo amor”, opinou Hooper. “Vivemos em um mundo profundamente dividido. Quer dizer, o que está acontecendo nas praias da Europa no momento, a extraordinária crise de refugiados que brada por nós neste momento, é um apelo a nossos corações.”
(Com agência Reuters)