Aquarelas com frutas de Dalí são leiloadas por R$ 2,5 mi

Quatorze aquarelas do mestre espanhol Salvador Dalí (1904-1981) que mostram frutas humanizadas com tom cômico e sensual foram arrematadas por 726 000 libras (algo como 2,455 milhões de reais) em um leilão em Londres, nesta terça-feira. Definidas como “sinistras e eróticas” pela casa de leilões, as aquarelas de Dalí têm frutas com formas que insinuam órgãos sexuais. Ameixas, pêssegos, amoras e morangos aparecem na série de aquarelas compondo cavaleiros medievais ou então abertas, com a polpa à vista, em cenas que por vezes incluem personagens literários como Dom Quixote.

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A série de trabalhos do gênio surrealista foi o centro das atenções no leilão da casa Bonhams, que reuniu joias impressionistas e modernas de Auguste Rodin, Pablo Picasso e Henri Matisse, entre outros. Feitas sob encomenda pelo espanhol em 1969, as telas nunca haviam sido oferecidas ao público. Elas estavam na coleção privada de um mesmo dono até hoje, quando finalmente se separaram para ser adquiridas por vários colecionadores privados, que não tiveram identidade revelada. “Elas comprovam a capacidade de Dalí de humanizar os objetos, uma técnica que mostra o seu talento para ver coisas onde ninguém mais via nada”, diz William O’Reilly, especialista em Impressionismo de Bonhams.

Apesar de todas começarem com preço inicial de entre 40 000 e 60 000 libras (entre 135 000 e 202 000 reais), o leilão obteve resultados diferentes entre elas, e só a primeira obra conseguiu superar a estimativa máxima. Prunier Hâtif (Ameixa apressada, em tradução livre) se tornou exceção ao alcançar um preço final de 91 250 libras (308 000 reais), enquanto no outro extremo ficou Pamplemousse érotique (Toranja erótica, em tradução livre), que foi vendida por 37 250 libras (125 000 reais), abaixo do preço estimado. Os preços das demais obras oscilaram entre 32 000 e 55 000 libras (108 000 reais e 186 000 reais), em um leilão que permitiu aos compradores participar de forma presencial, por telefone ou pela internet.

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Em todos esses trabalhos de Dalí, é possível apreciar, segundo explicou Bonhams, como os desenhos seguem as diretrizes dos desenhos empregados na ciência botânica do século XIX, o que faz com que as aquarelas tenham reminiscências de ilustrações científicas. O gênio surrealista executou a série em 1969 por encomenda do editor Jean Schneider na Basileia (Suíça) e as obras não foram expostas ao público até novembro de 2000, quando seu proprietário as exibiu na galeria Orangerie-Reinz, na cidade alemã de Colônia.

(Com agência EFE)