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Novo livro ensina como controlar os sonhos

Em entrevista ao site de VEJA, autor avisa que é preciso ter coragem para trazer o inconsciente para o consciente e confrontar pesadelos. Ou seja, não é qualquer um que encara o desafio de tomar o volante de suas experiências oníricas

Por Fernanda Allegretti Atualizado em 9 Maio 2016, 14h45 - Publicado em 5 jul 2015, 12h21

Matéria da edição impressa de VEJA desta semana analisa os avanços das pesquisas científicas sobre a experiência de sonhar. Um dos progressos notáveis foi notar que é possível ter noção de que (e do que) se está sonhando, e controlar em tempo real a vivência onírica, escolhendo a sequência de eventos e as ações que se toma. Como se dirigíssimos um filme.

Essa possibilidade, de sonhar e manter-se consciente ao mesmo tempo, é foco do livro Sonhos Lúcidos (Editora Sextante; 23 reais), dos cineastas americanos Dylan Tuccillo, Jared Zeizel e Thomas Peisel – todos os três sonhadores lúcidos há mais de uma década -. Na obra, eles ensinam as melhores estratégias e exercícios para esse fim. De acordo com os autores, é mais fácil do que parece. Trata-se, basicamente, de canalizar a atenção. De Nova York, onde mora, Thomas Peisel deu a seguinte entrevista ao site de VEJA:

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Qual foi o sonho mais impressionante que já teve? Difícil escolher um só. Todos são muito transformadores. Lembro-me de um em que estava em Nova York, onde moro. Estava chovendo, era noite e eu saia correndo na rua. Quando os carros estavam prestes a se chocar contra mim, eu voava e via a cidade de cima. Podia ver de onde eu estava até o horizonte com extrema clareza. Via as luzes e as pessoas. Era muito real. Ocorreu-me, então, que estava sonhando e que tudo aquilo que eu via estava, na verdade, dentro de mim. Por um momento, senti uma expansão, como se eu permeasse a cidade inteira. Foi o sonho mais profundo que já tive.

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Os seus sonhos lúcidos foram mudando com o passar do tempo? Sim. No início, só queria saber de voar e fazer sexo com mulheres famosas. Era muito egocêntrico. Mas, com o tempo, você procura se aprofundar. Como é possível mobilizar todos os seus sentidos, percebe que há muito mais a fazer.

É possível controlar os sonhos todos os dias? Não se trata de controle. Ok, tratava-se no começo. Nas primeiras vezes que tive sonhos lúcidos, era uma questão de manipulação, mas, em meus mais recentes, não me importo com isso. Sei que estou conectado com tudo o que se passa. Quando se está lúcido durante essa vivência, tudo é permeado pela sua consciência, então, de alguma forma, você está conectado a um pássaro ou a uma cadeira que aparece ali. Justamente por estar conectado, é possível mudar essas coisas ao mudar a si mesmo. É mais sobre controlar a si, do que guiar o sonho.

Lembra-se do primeiro sonho lúcido? Sim, tinha seis ou sete anos e voava acima da Terra. Podia sentir o vento, o sol queimando meu rosto. Acordei e contei para minha mãe, mas não tinha repertório para explicar o que havia ocorrido. Disse que voava e que estava acordado ao mesmo tempo. Bem, ela só respondeu que eu tinha uma boa imaginação.

Os sonhos o ajudaram de alguma forma? Os benefícios melhoram com o progresso. Os sonhos já me ajudaram a resolver relações complicadas do passado, por exemplo. Outra coisa que foi importante para a minha trajetória: nos lúcidos, para mudar uma situação ou o ambiente, a pessoa precisa mudar seus pensamentos e emoções. É similar ao mundo real. Transformação exige mobilização. Brinco que não sei mais o que é o mundo real e o que é sonho. Para mim, é o mesmo.

Cansa de ter sonhos lúcidos todas as noites? Não! Não há como se cansar. É como estar lúcido no mundo real, e, a meu ver, ninguém se cansa de lucidez. É tudo muito vivo, poderoso. Na semana passada, tive um sonho em que um tornado aparecia quando eu estava conversando com meu chefe. Voei por cima dele e entrei lá no meio. Podia senti-lo enquanto meu corpo girava. Ver toda aquela claridade e as cores se misturando foi incrível. Meu chefe está passando por um período conturbado. Talvez isso tenha influenciado o sonho.

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É preciso muito treino? Toda noite, sem que você treine ou deseje, vai sonhar. Sonhamos por cerca de duas horas a cada noite. O esforço necessário é para trazer o inconsciente para a consciência e, para isso, basta focar a atenção. É uma relação que se estabelece com o inconsciente. Exige coragem, porque abrimos essa porta. É preciso estar preparado para ver coisas assustadoras e coisas nem tão boas assim. Os sonhos lúcidos mostram o quanto nossos pesadelos estão ligados a nós. Uma boa notícia: os momentos em que confrontei um pesadelo foram muito transformadores.

Quais são seus rituais noturnos? A coisa mais importante é estabelecer um horário, mesmo que sejam apenas três minutos, para pensar no seu dia e afastar os problemas. Deixar a tranquilidade se estabelecer. Os sonhos que acontecem nas primeiras horas da manhã são os mais fáceis de lembrar e também os mais vívidos. É legal acordar antes disso e fazer o exercício de se imaginar lúcido e, só então, voltar a dormir. Facilita bastante a experiência.

É comum ouvir pessoas dizendo que não sonham. Por que isso acontece? Não tenho uma explicação científica, mas, minha percepção, é de que nossas sociedades não dão importância aos sonhos. Precisamos deles para nos manter saudáveis, mas estamos todos muito preocupados apenas com a vida enquanto acordados.

Por que cineastas resolveram escrever sobre sonhos? A linguagem dos filmes é muito similar à onírica. Ambas são bem visuais, por exemplo. Além disso, sonhar de forma lúcida é como dirigir um filme.

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