Começa na África do Sul a 17ª conferência do clima da ONU
Encontro na África do Sul tem a difícil tarefa de dar sobrevida ao Protocolo de Kyoto, que expira em 2012. Sem ele, não haverá documento que obrigue a redução da emissão de gases que aceleram o aquecimento global
As negociações sobre o clima recomeçam nesta segunda-feira na cidade sul-africana de Durban com a COP 17. Lideranças mundiais vão tentar alcançar um objetivo com o qual todos concordam, mas que nunca pareceu tão distante: limitar o aquecimento do planeta a dois graus célsius. Desde a conferência de Copenhague (COP 15), no fim de 2009 – que deixou um texto mínimo e elaborado apressadamente por poucos chefes de Estado – o tema do aquecimento do planeta quase desapareceu da agenda político-diplomática mundial.
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COP
As COP (Conference of Parties, em inglês) são os encontros dos países que assinaram dois acordos na Rio 92; um sobre a biodiversidade e outro sobre as mudanças climáticas. A COP sobre diversidade biológica é bianual, e realizou sua décima edição em outubro de 2010. A COP sobre mudança climática é realizada anualmente, e Durban, na África do Sul, sedia sua 17ª edição.
Depois da COP 15 houve uma reunião no balneário mexicano de Cancún, em 2010, mas os negociadores voltaram a tropeçar no espinhoso tema do Protocolo de Kyoto. O tratado, que exige que os países desenvolvidos reduzam suas emissões de carbono, consideradas culpadas pelo aquecimento global, expira em 2012 e ainda não há um acordo para renová-lo.
Fim da linha – Agora, em Durban, negociadores de mais de 190 países tentarão, até o dia 9 de dezembro, incentivar o processo que teve início em 1992, durante a conferência Rio-92, com objetivo de reduzir estas emissões. Contudo, muitos especialistas e defensores do meio ambiente não escondem o ceticismo sobre o que diz respeito à adoção de qualquer resolução ou documento que não imponha obrigações aos maiores emissores, China e Estados Unidos, que juntos representam 40% das emissões de CO2 em escala global.
Também não se sabe se os países industrializados que assinaram o Protocolo de Kyoto estão dispostos a se comprometer com um segundo período, depois que o tratado expirar, em dezembro de 2012. Entretanto, as emissões de gases que aceleram o efeito estufa continuam aumentando: o mundo parece seguir a trajetória de um aquecimento de cerca de quatro graus célsius, o dorbo do limite de dois graus defendido por cientistas para minimizar o impacto no meio ambiente em algumas décadas.
Conheça a história de todas as COP clicando no gráfico abaixo:
Disparidade – A Organização Meteorológica Mundial advertiu na última semana sobre o novo recorde nas emissões dos principais gases que contribuem para o aquecimento global. A concentração de CO2 na atmosfera, o principal gás causador do efeito estufa, aumentou entre 2009 e 2010 para 2,3 partes por milhão, ou seja, mais que a média dos anos 1990 (1,15 parte por milhão) e que a dos dez últimos anos (duas partes por milhão).
Outro relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma, na sigla em inglês) publicado na quarta-feira (23) destacou a “preocupante” disparidade entre os compromissos de redução de emissão de gases estufa dos países e as ações necessárias para limitar a elevação de temperatura do planeta.
Equilíbrio – Para os países em desenvolvimento, é prioritário que em Durban se chegue a um consenso para reduzir o aquecimento global provocado pela atividade humana. A prática torna os desastres climáticos como a seca, as inundações, os furacões e os incêndios mais frequentes e intensos. O México, que foi anfitrião da reunião de Cancún, destacou a urgência de manter o Protocolo de Kyoto.
Apesar de o documento não ser a única solução para combater as mudanças climáticas, é o único instrumento jurídico internacional que impõe aos países ricos reduções obrigatórias de suas emissões de gases de efeito estufa. A negociação em Durban estará centrada em encontrar “um equilíbrio” entre as responsabilidades dos países industrializados e em desenvolvimento, destacou o México.
Por sua vez, as organizações de defesa do meio ambiente aumentaram seus alertas, enfatizando que a reunião em Durban é a última oportunidade de renovar o Protocolo de Kyoto. Além disso, uma nova estagnação nas negociações sobre o clima enviaria um sinal muito ruim sobre o futuro do planeta, a menos de um ano da realização da Rio+20, prevista para junho de 2012, no Rio de Janeiro, no vigésimo aniversário da Cúpula da Terra.
(Com Agência France-Presse)