Por que os jornais ingleses não mostraram Harry nu?
Fotos vazaram na internet, mas não foram publicadas nem pelos tabloides sensacionalistas. Saiba o que o caso 'News of The World' tem a ver com isso
Por Da Redação
23 ago 2012, 04h55
Os escândalos envolvendo o princípe Harry não são exatamente uma novidade, mas o vazamento de fotos em que o neto da rainha Elizabeth II aparece completamente nu revela que a imprensa britância, tão familiarizada com o sensasionalismo dos tabloides, entrou em uma nova fase. Mesmo depois de milhões de pessoas terem visto as imagens na internet, nenhum jornal inglês publicou as fotos e alguns nem mesmo deram a notícia, o que parece um absurdo diante da cultura midiática do país.
Mas, afinal, por quê? O que a nudez de Harry, cuja fama de festeiro e mulherengo é bem conhecida, teria de especial para fazer com que jornais com tanto apetite pela vida das celebridades deixassem de estampar na capa um princípe, irmão do futuro rei da Grã-Bretanha, completamente nu junto a uma garota em igual estado?
Depois que as fotos foram divulgadas pelo site americano TMZ, especializado em celebridades, não demorou até o Palácio de St. James, residência oficial de Harry, admitir que elas eram legítimas. Mesmo assim, jornais como The Telegraph, The Sun, The Guardian e The Daily Mail apenas falaram do vazamento, sem publicar as imagens. Na televisão, as redes BBC e SkyNews sequer tocaram no assunto. Um detalhe do comunicado da família real oferece as raízes para entender a decisão.
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Recado – Na declaração oficial do Palácio de St. James, o assessor de imprensa jamais proibiu a publicação das fotos, mas ressaltou que elas foram tiradas em uma suíte de hotel em Las Vegas (EUA), onde Harry esperava ter razoável privacidade. O recado estava dado: publicar as imagens seria uma violação direta da cláusula do Código de Conduta Editorial da comissão britânica de queixas à imprensa, que ganhou enorme importância depois do escândalo dos grampos telefônicos iniciado com o tabloide The News of The World, hoje extinto.
Diz o texto do regulamento: “É inaceitável fotografar indivíduos em lugares privados sem consentimento”. A única exceção está no interesse público. A regra foi introduzida em 2009, após a descoberta de que o News of the World recorria a detetives e escutas telefônicas ilegais para interceptar mensagens com objetivo de conseguir informações em primeira mão. Os telefones dos príncipes Harry e William, inclusive, foram alvo dos grampos.
Depois do escândalo, que abalou a imagem do magnata Rupert Murdoch, dono da News Corp. (empresa que publicava o tabloide), as empresas de comunicação da Inglaterra temem processos baseados na nova regra. Por isso, preferem deixar de noticiar fatos como o flagrante da nudez de Harry – algo que interessa milhões de pessoas, sobretudo os britânicos, que desejam saber o que acontece com os integrantes da realeza.
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O jornalista britânico Robert Jobson, que há anos realiza a cobertura da família real e escreveu o livro Harry’s War (A Guerra de Harry), sobre a participação do príncipe na Guerra do Afeganistão, questiona em um artigo publicado pela rede CNN se a nova postura dos tabloides vai conduzir a imprensa britânica de volta ao passado: “É um precedente perigoso, equivalente a retornar aos velhos tempos de 1936, quando jornais americanos e europeus publicavam livremente o caso do rei Edward VIII e da americana Walli Simpson, enquanto nada saía nos jornais britânicos”. A diferença é que, naquela época, não havia internet. Hoje, não se pode ignorá-la.
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