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Em ‘Reflexões de um liquidificador’, diretor André Klotzel arrisca com a fórmula do ‘humor negro’

Com a veterana Ana Lucia Torre e Selton Mello, que 'interpreta' o eletrodoméstico, filme terá divulgação cidade a cidade

Por Ulilsses Mattos, do Rio de Janeiro
9 nov 2010, 12h20

“Esse filme não é um blockbuster, não é para ser lançado de uma só vez, ou participar de festivais. Tive a sensação de que era preciso deixar o filme chegar ao seu público. O mercado é regido por números, é cruel. Um filme pode estrear em uma sexta-feira e, se não for bem, deixa o circuito na semana seguinte”, diz André Klotzel

Reflexões de um Liquidificador é um filme diferente sob vários aspectos. Principalmente para os padrões brasileiros. A começar pela sinopse, que é exatamente o que o título sugere: um eletrodoméstico que pensa. Até que não é nada demais um roteirista imaginar uma história narrada por um objeto, afinal redatores publicitários conseguem levar ao ar comerciais de carro mostrando ovelhas feitas de nuvem e seres como um cachorro-peixe. E foi o que fez o autor e diretor teatral José Antônio de Souza, ainda em 1979, ao criar a trama que é contada pelo ponto de vista de um eletrodoméstico. Mas o mérito de fazer o roteiro realmente sair do papel e ganhar as telas é todo do diretor André Klotzel, eternamente marcado pelo sucesso de A Marvada Carne, de 1986.

Além de termos o liquidificador refletindo sobre o desaparecimento do marido de sua proprietária, o filme traz como diferencial o gênero: é uma comédia de humor negro. Não por fazer piadas com temas-tabus, mas por fazer rir (ou, para os mais sensíveis, por tentar fazer rir) de cenas sanguinolentas, no melhor estilo da cultuada série americana Dexter, que mostra um “serial-killer do bem”. O humor visual é reforçado na abordagem à taxidermia, com espaços ainda para risos vindo de diálogos e atuações.

O elenco é liderado pela veterana Ana Lucia Torre, respeitada por sua carreira no teatro, mas mais conhecida pelo grande público pelas novelas da Rede Globo. Ela interpreta a senhora que passa a ouvir o liquidificador e que perde a paz quando informa o sumiço do marido à polícia. O investigador que fica em seu encalço é vivido por Aramis Trindade, que serve bem seu personagem de trejeitos. Os coadjuvantes colaboram para o andamento do filme, que às vezes se arrasta um pouco, em meio a tomadas do subúrbio de São Paulo. O elenco de apoio ajuda não só na trama principal, com o carteiro de Marcos Cesana, mas também para uma boa subtrama, com a vizinha fogosa interpretada por Fabiula Nascimento, do humorístico Junto e Misturado, da Globo. O bônus fica por conta de Selton Mello, que comparece com seu carisma para fazer a voz do liquidificador.

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https://youtube.com/watch?v=Zwtf1bSLKks

Não se trata de um filme para as massas. E Klotzel sabe disso tão bem que desenvolveu uma estratégia diferente para distribuí-lo, sem um lançamento nacional. O longa vai sendo lançado cidade a cidade, como se fosse uma temporada de uma peça teatral. Algumas sessões, como em São Paulo, foram até reforçadas com apresentações de stand-up comedy ou debates no fim da exibição. “Esse filme não é um blockbuster, não é para ser lançado de uma só vez, ou participar de festivais. Tive a sensação de que era preciso deixar o filme chegar ao seu público. O mercado é regido por números, é cruel. Um filme pode estrear em uma sexta-feira e, se não for bem, deixa o circuito na semana seguinte”, analisa Klotzel, acrescentando que esperou o melhor momento para chegar ao Rio, onde o filme estreia com mais salas em relação a outras regiões: “Esperamos o fim do Festival do Rio e depois o lançamento de Tropa de Elite 2“.

A tática do diretor foi arriscada. Afinal, atualmente, com as mídias sociais, se o público de uma cidade não gostasse do filme, logo o país inteiro se sentiria desestimulado a conferir quando chegasse a sua região. “Foi uma aposta perigosa mesmo. Mas eu tinha a convicção de que a melhor divulgação dele seria o boca-a-boca, pois não é um filme de apelo imediato. Deixamos de lado toda aquela grande estrutura de marketing e partimos para a mídia humana. Está dando certo, com muitas recomendações espontâneas do público. Tanto que o filme continua em cartaz em São Paulo”, comemora Klotzel.

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