Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Wir sprechen deutsch

Como Joinville se qualificou para exportar peças de motores para a Europa e receber uma fábrica que vai gerar 3 500 empregos. Aprender alemão foi a parte mais fácil

Por Tatiana Gianini
Atualizado em 10 dez 2018, 10h27 - Publicado em 10 Maio 2014, 08h16

Em agosto de 2011, a BMW anunciou que sua primeira fábrica na América do Sul seria instalada no Brasil. A cidade de Joinville, em Santa Catarina, viu no anúncio uma oportunidade de negócio. Para atrair a montadora, a prefeitura apresentou uma lista de motivos pelos quais, acreditava, deveria sediar o empreendimento. Começou pelas vantagens logísticas. Joinville tem boas estradas e quatro portos num raio de 100 quilômetros. Sem gargalos de escoamento, como em São Paulo e no Rio de Janeiro, a espera para embarcar mercadorias é de menos de um dia, contra até um mês nos outros. A mão de obra qualificada foi mais um atrativo da lista. Em Joinville, 16% da população possui diploma superior, o dobro da média nacional, há doze universidades e nove escolas técnicas. Por fim, a cereja do bolo: caso a empresa decidisse se instalar lá, a cidade se comprometeria a criar escolas bilíngues, com todas as disciplinas ministradas em alemão. Em setembro, a BMW abrirá na região de Joinville sua primeira fábrica no país. O caso ilustra com precisão o espírito do município, o único no Brasil mais importante para a economia do seu estado do que a capital.

Joinville foi a segunda parada do ônibus da Expedição VEJA, a caravana que percorrerá treze estados e o Distrito Federal para mostrar um Brasil que não se vê nos jornais: um país que cria soluções, supera adversidades e compete de igual para igual com os melhores do mundo. O Estado de Santa Catarina foi o primeiro a ser visitado depois da saída de São Paulo porque apresenta uma rara composição na sua balança comercial. Lá, um quarto das exportações é de produtos industriais, como bombas de ar, peças para motores e motores elétricos. As vendas, para países como Estados Unidos, Holanda e Argentina, rendem 2,2 bilhões de dólares ao estado por ano, segundo dados do DataViva e da consultoria McKinsey. Praticamente metade desses produtos sai de Joinville.

O passado da cidade explica boa parte do sucesso do presente. A preocupação com a qualificação da mão de obra, por exemplo, data de 1959. Naquele ano, uma das principais empresas locais, a Fundição Tupy, abriu a primeira escola técnica da cidade, até hoje uma referência na região. Em 2011, uma lei municipal passou a prever incentivos a pesquisadores e isenção de impostos para empresas de setores como o fármaco e o biotecnológico que quisessem se instalar na cidade. Isso porque o plano – sim, em Joinville se planeja – é utilizar uma área de 30 milhões de metros quadrados para criar um polo de inovação tecnológica e elevar o grau de especialização do parque industrial. “Temos energia e água assegurados pelos próximos trinta anos. E vamos formar 7 500 engenheiros nos próximos cinco”, diz o prefeito Udo Döhler (PMDB).

A BMW já pôs em operação um centro de treinamento que simula uma linha de montagem. Lá, mecânicos da unidade da BMW em Leipzig ensinam aos profissionais brasileiros da nova fábrica as suas funções. Joinville retribui a seu modo: se eles quiserem experimentar os restaurantes da cidade, o cardápio já está em alemão.

Continua após a publicidade

https://www.youtube.com/watch?v=5Qw8QzJBXoM

A Newark brasileira

“Em Manhattan, muita gente prefere morar um pouco mais longe do trabalho para desfrutar a melhor qualidade de vida de Newark, em Nova Jersey. É a mesma lógica que usamos para atrair empresas e executivos a Jundiaí.” A frase, de Guilherme Bloj, superintendente do Jundiaí Shopping, explica a lógica do crescimento da cidade a 60 quilômetros de São Paulo, a primeira parada da Expedição VEJA. Segundo estudo do Boston Consulting Group, até 2020 Jundiaí será o município com o maior acréscimo de população das classes A e B. De 2002 a 2010, o PIB per capita local triplicou: foi a 54?300 reais, 15?000 a mais do que o da capital. Isso se justifica em grande parte pela mudança para a cidade de executivos cansados do trânsito e dos altos índices de criminalidade de São Paulo – dos imóveis de alto padrão lançados, mais de 83% são vendidos. O fato de quase todos estarem localizados em condomínios igualmente caros criou uma paisagem peculiar na cidade: fileiras sem fim de muros altos isolando casas do mundo exterior. Em um dos empreendimentos, é possível até levar as crianças à escola sem deixar o espaço cercado: o colégio vizinho tem um acesso exclusivo para moradores do condomínio.

Continua após a publicidade

A instalação de empresas internacionais também ajuda a elevar os indicadores da cidade, que tem pleno emprego e o 11º melhor IDH do estado. A chinesa Foxconn inaugurou uma fábrica de iPhones e tablets. E a Coca-Cola abriu sua maior unidade no mundo em volume de produção. Essas companhias buscam a localização estratégica de Jundiaí. O município é cortado por duas das principais rodovias paulistas, Bandeirantes e Anhanguera. A chegada ao Porto de Santos pelo Rodoanel leva cerca de duas horas. Os executivos que se estabeleceram lá e precisam se deslocar para São Paulo podem utilizar o Aeroporto Comandante Rolim Amaro, que recebe helicópteros e jatinhos.

Com reportagem de Gabriel Castro

Para ler outras reportagens compre a edição desta semana de VEJA no IBA, no tablet, no iPhone ou nas bancas.

Outros destaques de VEJA desta semana

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.