Protesto na Maré lembra as dez mortes em ação policial
Manifestantes exigem desculpas do governador e do secretário de Segurança
Centenas de manifestantes protestaram no Complexo da Maré, Zona Norte do Rio, nesta terça-feira, em um ato para lembrar os dez mortos da favela Nova Holanda na semana passada, durante ação do Batalhão de Operações Especiais (Bope). A passeata pacífica ocupou uma das pistas laterais da Avenida Brasil e foi acompanhada pela Polícia Militar. Muitas pessoas vestiam camisetas pretas com a inscrição: “Estado que mata, nunca mais!”. Uma grande faixa com a mesma frase foi estendida no carro de som estacionado na esquina de uma das ruas de acesso à favela.
Além da investigação das mortes e punição dos responsáveis, manifestantes exigem um pedido de desculpas do governador Sérgio Cabral, do PMDB, e do secretário municipal de Segurança Pública, José Mariano Beltrame. No último dia 24, um grupo não identificado fazia um arrastão pela Avenida Brasil e, de acordo com a Polícia Militar, teria corrido para a Maré pela Rua Teixeira Ribeiro, um dos acessos mais movimentados. O Bope iniciou uma incursão, oficialmente em resposta aos roubos, e um sargento foi baleado e morto.
A diretora da organização não governamental Redes da Maré, Eliana Sousa, cuja entidade atua há 17 anos na favela, classificou as mortes como genocídio: “Não dá para ter respeito só onde tem UPP (Unidade de Polícia Pacificadora). A cidade toda precisa ser respeitada”. Referindo-se também às UPPs, o sociólogo Luiz Eduardo Soares disse que “é como se hoje tivéssemos um biombo para turistas, uma vitrine civilizada que esconde a realidade dramática que continua ocorrendo em outras áreas da cidade”.
A favela – Estratégico para a política de segurança devido a sua posição às margens de três vias expressas – a Avenida Brasil e as linhas Vermelha e Amarela – o Complexo da Maré já começou a ser ocupado para a instalação de uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP). Para lá fugiram criminosos que buscavam abrigo com comparsas após a pacificação de favelas da Zona Sul e do Complexo do Alemão. A Polícia Civil do Rio instaurou seis inquéritos para investigar as dez mortes registradas na operação policial.
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(Com Estadão Conteúdo)