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Petrolão foi projeto de ‘perpetuação de poder’ de políticos, diz Youssef

Em manifestação à Justiça Federal, doleiro que operou o esquema de lavagem de dinheiro debocha da defesa de empreiteiros: 'Agem como crianças'

Por Laryssa Borges Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 28 jan 2015, 20h26

Apontado como um dos principais delatores do esquema do petrolão, o doleiro Alberto Youssef disse nesta quarta-feira, em defesa apresentada à Justiça Federal, que o escândalo de lavagem de dinheiro e pagamento de propina envolvendo contratos com a Petrobras foi um projeto de “perpetuação de poder” praticado por políticos que desejavam influência “ilimitada” no cenário nacional. Para o doleiro, que celebrou acordo de delação premiada e revelou detalhes de como deputados e senadores se locupletaram dos cofres da estatal, o petrolão é uma espécie de versão ampliada da trama criminosa do mensalão, maior escândalo até então e cujo julgamento levou próceres petistas para a cadeia.

“Agentes políticos das mais variadas cataduras racionalizaram os delitos para permanecer no poder, pois sabiam que enquanto triunfassem podiam permitir e realizar qualquer ilicitude, na certeza que a opinião pública os absolveria nas urnas”, resume o doleiro.

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“Não é preciso grandes malabarismos intelectuais para reconhecer que o domínio da organização criminosa estava nas mãos de agentes políticos que não se contentavam em obter riqueza material, ambicionavam poder ilimitado com total desprezo pela ordem legal e democrática, ao ponto do dinheiro subtraído dos cofres da Petrobras ter sido usado para financiar campanhas políticas no Legislativo e Executivo”, disse o advogado Antonio Augusto Figueiredo Basto, que defende Alberto Youssef no petrolão. “Sua participação foi subsidiária às ordens de agentes políticos e públicos, os maiores responsáveis pelo esquema que desviou fabulosas quantias dos cofres da Petrobrás visando a manutenção de um projeto de poder bem definido: vontade de submeter partidos, corromper ideias e subverter a ordem constitucional.”

Desqualificado em massa pelas defesas dos investigados na Operação Lava Jato, Youssef afirma que todas as acusações que faz “guardam conexão com as provas materiais” e, ao contrário dos empreiteiros, que tentam se colocar como vítimas do esquema de fraudes na Petrobras, o doleiro relaciona as construtoras como participantes ativas do petrolão e ironiza o fato de elas questionarem a “ética” de acordos de delação premiada. “Todos os fatos narrados por Youssef guardam conexão com as provas materiais, sua narrativa é lógica e coerente, inegável que sua colaboração é importante para as investigações”. No mais duro ataque à linha de defesa dos empreiteiros, ele ainda compara os grandes empresários presos durante a Operação Lava Jato a crianças que fazem coisas erradas e não esperam por punições.

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“Agem como crianças que desejam uma coisa, mas não suas consequências. Ameaçam o Poder Judiciário e o colaborador com “um troco”, cientes do poder econômico e político que desfrutam deixam no ar um lembrete: ‘hoje condenado, amanhã faço a lei’. Afirmam levianamente que a colaboração ameaça à democracia, ‘imoral, ilegal e inconstitucional’, invertendo comezinhos princípios constitucionais que até um barbeiro de periferia”, ataca Basto.

Para o advogado de Youssef, diante da enxurrada de evidências da participação ativa de empreiteiras no mega esquema de corrupção na Petrobras, os construtores tentam relativizar as suspeitas de crime, apelando para desqualificar a delação e alegar que a colaboração com a Justiça é inconstitucional. “Tentam desviar o foco da investigação relativizando tudo: a imoralidade não esta na trapaça, na afanação do dinheiro público, afinal tudo é permitido se não for descoberto, mas na colaboração com a justiça”, diz, para, em seguida vaticinar: “Grandes tolices ditas com em tom rebuscado não deixam de ser grandes tolices”.

Delação – Em sua manifestação à Justiça, o doleiro ainda faz uma defesa do direito de colaborar com as investigações, diz que os detalhes do esquema de corrupção na Petrobras foram revelados de forma “espontânea” e “voluntária”, mas questiona a separação do caso do petrolão em vários processos e os grampos telefônicos que levaram os policiais a descobrirem o escândalo na Petrobras. Ele critica ainda o fato de responder pelo crime de corrupção passiva, já que não teria ascendência sobre contratos na estatal e tampouco sobre as empreiteiras que atuavam no esquema criminoso. “Não se demonstrou minimamente que Alberto Youssef desempenhasse qualquer função de gestão na Petrobras e (…) também não detinha poderes de gestão e nem influenciava direta ou indiretamente nas empreiteiras a ponto de determinar que as empresas participassem de um eventual esquema de pagamento de propinas para agentes públicos ou políticos. O conluio entre agentes políticos e empreiteiras ocorria sem a interferência de Youssef”, diz a defesa.

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