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Partidos de esquerda organizam ‘coluna’ para não apanhar em protestos

Na última quinta-feira, militantes montaram um bloco de 2.000 pessoas para se defenderem dos radicais contrários à participação de partidos

Por Cecília Ritto e Pâmela Oliveira, do Rio de Janeiro
Atualizado em 10 dez 2018, 10h01 - Publicado em 25 jun 2013, 16h41

Militantes de partidos de esquerda saíram enfileirados no protesto de quinta-feira, no Rio de Janeiro. A “coluna” que formaram foi uma estratégia para tentar proteger os portadores de bandeiras da imensa maioria que bradava ‘sem partido’ – e, em vários momentos, atacavam fisicamente quem era identificado como representante partidário. Os militantes formaram uma linha de 2.000 pessoas, contornada por filiados incumbidos de garantir a ‘autodefesa’ do grupo. Momentos antes da manifestação, o grupo partiu do Largo São Francisco, no Centro, em direção à Candelária, onde foi feita a concentração para o protesto, seguindo o combinado na plenária realizada dois dias antes, na UFRJ. O esforço e o risco foram assumidos para tentar manter as legendas, de alguma forma, dentro do movimento.

O PSOL, que tinha integrantes entre os 2.0000 militantes, tinha aconselhado seus membros a evitar as bandeiras. Dito e feito. Não se via nada flamulando do partido, apenas pessoas com camisetas ou broches que se diluíam em uma massa de vermelho empunhando bandeiras do PSTU. Além das flâmulas, alguns carregavam também pedaços de pau – que negam terem sido usados para qualquer outro objetivo senão o de legítima defesa.

O diagnóstico dos partidos de esquerda foi auxiliado pelas redes sociais na véspera do protesto. Pelo Facebook, ficaram sabendo que um grupo se organizava para reagir com o uso de pedras e bombas a qualquer manifestação partidária. Para os representantes dos partidos está claro que trata-se de um grupo pequeno de agressores, “de extrema-direita”, segundop afirmam, insuflados por uma multidão cansada de corrupção. Pelo levantamento que fizeram representantes dos partidos ouvidos pelo site de VEJA, alguns são conhecidos dos militantes de esquerda pela intolerância usual às manifestações do grupo e pertencem a torcidas organizadas de futebol.

“É uma ação de grupos fascistas, de direita, que se aproveita desse sentimento de negação a políticas partidárias para montar uma operação de agressão física”, afirma a deputada estadual pelo PSOL e presidente do diretório do Rio de Janeiro, Janira Rocha. Enquanto a avaliação do PSOL é de que é melhor abaixar as bandeiras e não levá-las aos protestos, o PSTU mantém a postura de carregar seus símbolos – por mais que um grupo de intolerantes parta para o ataque. “Não vamos baixar as bandeiras de forma nenhuma. Já enfrentamos ditadura no Brasil, e fui preso e torturado porque queria organizar um partido. Não serão grupos fascistas que impedirão de levantar a bandeira”, disse José Maria, presidente do PSTU. O partido no Rio, segundo o presidente do diretório estadual, Cyro Garcia, se reúne nesta segunda para definir a atuação das manifestações e se manterá a ação em coluna.

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Com triplo da multidão, Rio tem noite de pancadaria

O Hospital Municipal Souza Aguiar, unidade de saúde mais próxima da prefeitura do Rio – destino final da passeata – socorreu feridos em diversos confrontos relacionados a brigas entre militantes e radicais contrários a existência de partidos. O caso mais grave foi o de um militante do PSTU identificado com Pablo Henrique Ramos de Azevedo, que foi espancado por ter se recusado a recolher a bandeira que carregava. De acordo com o secretário municipal de Saúde do Rio, Hans Dohmann, o rapaz teve traumatismo craniano e diversas fraturas pelo corpo. Segundo uma funcionária do hospital, outro confronto entre militantes do PSTU e um grupo de punks deixou seis estudantes com ferimentos na cabeça – todos militantes.

“Um grupo de cerca de dez pessoas, alguns com máscaras e rostos cobertos vieram na minha direção jogando bombas, com a intenção de me ferir. Levei um tombo e veio a paulada”, disse o carteiro aposentado Edson Santana, de 55 anos, do Movimento Sindicalista dos Correios que é militante do PSTU. Edson teve uma fratura no pulso e, a princípio, escondeu aos jornalistas que era militante do partido. Militantes da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e do PC do B também foram hostilizados. Na Candelária, dez pessoas que estavam com camisas da CUT tiveram as bandeiras quebradas. Um garoto de 19 anos, o primeiro a chegar à unidade de saúde, contou aos médicos que foi ferido na cabeça por manifestantes que o agrediram com o mastro da bandeira.

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