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Líder do PSDB em 2013 promete oposição ‘mais vigorosa’

Carlos Sampaio diz que o ano pré-eleitoral exige comportamento mais incisivo do partido. E vê consenso em torno do nome de Aécio Neves para 2014

Por Gabriel Castro, de Brasília
12 jan 2013, 09h26

Escolhido para liderar a bancada do PSDB na Câmara, o deputado paulista Carlos Sampaio, de 49 anos, promete uma oposição “mais vigorosa” ao governo Dilma Rousseff a partir do próximo mês. O tucano fez carreira como promotor de Justiça e ganhou projeção com o estilo combativo durante a CPI dos Correios, que investigou o maior esquema de corrupção da história do país. Recentemente, entretanto, foi criticado por assumir a linha de frente na defesa do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), durante a CPI do Cachoeira, usada pelo PT para tentar tirar o foco do julgamento do mensalão.

Além da missão de sacudir a oposição no Congresso, Sampaio afirma que tentará unificar a bancada do partido em apoio à candidatura do mineiro Aécio Neves à Presidência da República em 2014. “A expectativa da bancada é que ele esteja à frente do PSDB e dispute o próximo pleito eleitoral”, diz. Leia trechos da entrevista ao site de VEJA.

O perfil do PSDB vai ser de enfrentamento mais direto neste ano? Eu diria que já havia um perfil de enfrentamento, mas sem dúvida neste ano esse perfil tem que ser ainda mais exacerbado, porque os temas se aproximam do momento eleitoral. Eu tenho impressão que a razão pela qual eu acabei sendo eleito líder é esse perfil de enfrentamento. Isso é importante: essa perspectiva de uma oposição mais vigorosa acabou influenciando na escolha do meu nome para a liderança.

Quais são as prioridades da bancada do PSDB para 2013? A primeira questão que vai entrar em jogo é a do Orçamento. Houve um acordo e nós votamos favoravelmente à peça orçamentária – com as modificações feitas pela comissão. Em seguida, deve ser pautada a questão dos vetos. O PSDB tem condições de votar todos os vetos. O Supremo, por meio do ministro Luiz Fux, agiu bem ao cumprir um papel que caberia ao próprio Congresso. O veto era feito, a norma era publicada e valia por anos porque o veto nunca era apreciado – portanto, era definitivo. Isso tira poder do Legislativo e dá um poder exacerbado ao Executivo. Sobre os royalties do petróleo: existem dois estados governados pelo PSDB que foram beneficiados pelos vetos da presidente. A opção da liderança do PSDB é de liberar a bancada, para que ela possa se posicionar livremente de acordo com seus interesses estaduais. E tem o Código Florestal. Além disso, estamos a dois anos de mandato da presidente Dilma e o que ficou de restos a pagar para este ano – 129 bilhões de reais – com o que já vinha acumulado, de 48 bilhões de reais, chega a quase 180 bilhões de reais de restos a pagar. São gastos autorizados que o governo não teve competência de aplicar. A gente vai acompanhar a execução orçamentária com lupa.

O governo dá sinal de que vai mal em algumas áreas. Isso facilita para a oposição? Sob o aspecto econômico, ajuda. O governo demonstrou que tem dificuldade em investir. Nesta questão do final do ano, com relação às manobras contábeis, por exemplo. Essas manobras não são ilegais, mas quando você se vale de manobras é porque o cenário não está positivo ou porque você não quer demonstrar o que está acontecendo. Isso gera uma intranquilidade no mercado e faz com que o investidor desacredite nas contas. É uma realidade: os erros estão aí e precisam ser apontados de uma maneira mais vigorosa e rigorosa.

Mas o PSDB é criticado por não ter bandeiras claras para contrapor ao governo. Nos governos Fernando Henrique e Lula as questões do equilíbrio econômico e a do Bolsa Família marcaram posição. Precisamos buscar novos temas de alcance social que realmente possam caracterizar o PSDB como um partido diferente do PT. O PSDB está em busca de um novo mote de amplitude nacional, e eu imagino que todos os partidos estejam. Mas não para uma finalidade eleitoral. É para buscar na sociedade o que agora é a prioridade dela. Ter a tranquilidade do controle da inflação foi um avanço do PSDB. A questão social, uma queixa das classes mais carentes, foi ampliada pelo presidente Lula mas inaugurada pelo FHC. E agora? Onde nós temos que focar para atender grande parte da população brasileira?

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E o partido tem uma resposta? Não. Mas nós temos um congresso que está sendo organizado, em que esses temas serão debatidos de forma bastante contundente. O senador Aécio Neves tem usado uma palavra importante: refundação. Uma renovação não geracional, mas no sentido de novas ideias e uma nova postura.

Falta renovação no plano nacional para o PSDB? Acho que sim. Tanto que, nesse momento, acho que quem tem as melhores condições de conduzir o PSDB, seja no âmbito partidário, seja no âmbito de disputa eleitoral, é o Aécio Neves. E tenho para mim que uma parte esmagadora do partido tem essa convicção.

Mesmo em São Paulo? Existe na bancada paulista uma cobrança saudável no sentido da antecipação da posição do Aécio. Isso acontece de forma declarada, aberta. A bancada paulista queria aquilo que ele fez no final do ano passado: uma reunião com toda a bancada em que ele deixou claro que tudo têm o seu tempo, mas que ele iria saber conduzir as coisas de forma a atender a expectativa do partido. Ele não disse como seria, mas deixou claro que está atento a isso. A expectativa da bancada é que ele esteja à frente do PSDB e dispute o próximo pleito eleitoral vindo com essa bagagem e com essa vontade de renovar.

A aprovação da presidente Dilma é alta. O senhor acha que 2014 seria um teste para Aécio ou a disputa é para valer? Eu não tenho a menor dúvida de que é para valer. Essa popularidade da presidente também está centrada na questão econômica, que por enquanto ainda não afetou o cidadão. Mas vou lhe dar um exemplo: ela disse que construiria 6.000 creches. Eu li uma matéria dizendo que foram construídas sete até agora. Isso é uma demonstração de despreparo gerencial e de incapacidade de investir aquilo que o Congresso autorizou. Não é falta de dinheiro. Vai chegar uma hora que o eleitor que votou nela por causa dessas promessas vai dizer: ‘Cadê a creche no meu estado?’.

O PSDB vai precisar de alguém para apontar os problemas de forma clara, o que não é o perfil de Aécio Neves… Ao Aécio vai caber um papel – se ele assumir o comando do partido – de discurso e diretrizes. As bancadas na Câmara e no Senado normalmente são mais aguerridas.

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É viável para o PSDB procurar novos parceiros para 2014? Sim. Os problemas na base aliada são constantes. A presidente Dilma tem perdido votações relevantes em razão da falta de um comando na base aliada. Além disso, o Aécio tem perfil agregador e interage com partidos que estão na base. Tenho certeza que a entrada do Aécio nesse cenário vai agregar partidos em todo o Brasil, pelo perfil dele. A perspectiva de trazer outros partidos é grande, e a gente pode e deve ampliar esse leque.

Por exemplo, o PSB do governador Eduardo Campos? Eles (Aécio e Campos) têm uma excelente relação. Aliás, houve uma identidade de candidaturas (nas eleições municipais) em vários lugares, como na minha cidade (Campinas), onde os dois derrotaram o PT juntos. Eles têm uma identidade de geração e de conteúdo, são dois políticos que prezam muito pelo preparo para o enfrentamento, sem factoides.

E o ex-governador José Serra? Serra é uma voz muito importante dentro do PSDB, tenho certeza de que de uma maneira ou de outra ele vai contribuir, e muito, porque é um formulador. É uma pessoa muito prestigiada e continuará sendo. Não vejo nenhuma lógica e nenhum fundamento nessas reportagens dizendo que ele vai deixar o PSDB. Não combina com o estilo do Serra, ele tem a cara do PSDB.

Há consenso na bancada para votar a reforma política? Esse é um tema tão estudado por todos os parlamentares do PSDB que isso faz com que os deputados tenham posições diversas. Tem aqueles que defendem lista fechada, os que defendem voto distrital puro e aqueles que defendem o distrital misto, como eu. Mas não há uma unidade de propósito nesse tema. Hoje em dia existe uma certa unidade na questão da suplência, do fim das coligações proporcionais.

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