Em crise hídrica, Sabesp paga R$ 504 mil de bônus a diretores
Companhia de águas de São Paulo alegou queda de R$ 1 bilhão nos lucros para aumentar em 13,8% a conta de água dos consumidores
A Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) pagou 504.000 reais em bônus para seis diretores no ano passado, pior ano da crise hídrica no Estado, que levou a empresa a racionar a distribuição de água, com manobras como a redução da pressão à noite e o fechamento de parte da rede durante alguns períodos do dia. Os dados constam no relatório de sustentabilidade da Sabesp de 2014, divulgado pela Sabesp no fim de março.
Por causa da crise, a Sabesp conseguiu autorização para aumentar em 13,8% o custo da conta de água a partir deste mês. A empresa também deve pedir um reajuste extraordinário, superior ao já obtido. No ano passado, a Sabesp lucrou 1 bilhão de reais a menos que em 2013. O comando da empresa argumenta que o reajuste é necessário por causa dos altos custos de tratamento da água, da elevação do preço da energia elétrica e da queda no volume de água vendido.
A bonificação total paga aos diretores no ano passado foi 11% menor do que em 2013, quando o valor chegou a 566.000 reais. O benefício representa um acréscimo de 20.590 reais ao salário dos executivos. A distribuição de bônus é limitada a seis vezes o valor do salário, ou 10% do lucro distribuído.
Em nota, a empresa afirmou que o bônus pago aos diretores em 2014 se refere ao exercício de 2013, quando não havia crise hídrica. Segundo o estatuto da Sabesp, o bônus “não está vinculado ao atingimento de metas estabelecidas”, como redução do índice de perdas de água ou aumento da coleta e tratamento de esgoto. Ele “é pago desde que a companhia efetivamente apure lucro em período trimestral, semestral e anual e distribua aos acionistas o dividendo obrigatório”, de 25% do lucro líquido do exercício.
O lucro registrado pela Sabesp em 2014 foi 53% menor do que no ano anterior, queda de 1 bilhão de reais. Ao todo, a empresa vai repassar 252,3 milhões de reais aos acionistas: 50,3% para o governo paulista e 49,7% para investidores nas bolsas de São Paulo e de Nova York, nos Estados Unidos.
Em 2013, o repasse do lucro obtido foi de 537,5 milhões de reais. Segundo a estatal, o lucro é calculado ao final de cada ano e pago aos executivos no ano seguinte.
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(Com Estadão Conteúdo)
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