Demissão é “absurda”, diz auditora que acusou Donato
Paula Sayuri Nagamati, que sabia do esquema de fraude e testemunhou contra secretário de Haddad ao MPE, reclama de exoneração do cargo de confiança
A auditora fiscal Paula Sayuri Nagamati afirmou ter sido “absurda” sua demissão de um cargo de confiança na prefeitura de São Paulo pelo prefeito Fernando Haddad (PT). O afastamento de Paula do posto de supervisora técnica na Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social ocorreu após ela acusar o secretário municipal de Governo, Antonio Donato (PT), de receber dinheiro da quadrilha responsável por fraudar a arrecadação do imposto sobre serviços (ISS).
Paula é tratada como testemunha pelo Ministério Público Estadual (MPE). Aos promotores, ela disse que o bando financiou a campanha de Donato para vereador em 2008. Atualmente, Donato é o homem forte da gestão Haddad, responsável por assinar portarias de nomeação e de exoneração de servidores, como a de Paula.
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Abordada nesta quinta-feira, a ex-chefe de gabinete da Secretaria Municipal de Finanças na gestão Gilberto Kassab (PSD) não quis se estender: “O que eu tinha para dizer foi dito ao Ministério Público”. Paula declarou ao MPE ter ouvido do ex-subsecretário da Receita Municipal Ronilson Bezerra Rodrigues, preso apontado como líder da quadrilha que teria desfalcado a prefeitura em até 500 milhões de reais, que o grupo “apoiou a campanha” de Donato com “dinheiro fruto da fiscalização”. Donato nega.
Desconfortável – Também nesta quarta, Haddad justificou a exoneração de Paula. “Se o secretário está desconfortável com a situação, em função da proximidade dela, dos conhecimentos que ela tem sobre o assunto, mesmo que não tenha envolvimento direto, o fato de não ter informado antes isso [a fraude no ISS] faz com que a pessoa se retraia, é natural”, disse Haddad.
Segundo o prefeito, Paula “poderia ter evitado muitos transtornos à prefeitura se tivesse contado o que sabia antes”. Haddad disse que “as pessoas muito próximas do grupo estão perdendo cargo de chefia”. Ele afirmou ainda que outros servidores devem ser exonerados.
(Com Estadão Conteúdo)