Ex-subchefe da polícia diz que Operação Guilhotina foi ‘uma balbúrdia’
Diante da CPI das Armas, Carlos Oliveira insinua que foi preso para impedir seu depoimento em ação que investigava a inoperância da PF no combate ao tráfico de armas
O ex-subchefe Operacional da Polícia Civil, delegado Carlos Oliveira, preso pela Operação Guilhotina há 45 dias, disse nesta segunda-feira que foi vítima de “interesses políticos” da Superintendência da Polícia Federal do Rio de Janeiro. Em depoimento à CPI das Armas, nesta segunda-feira, Oliveira definiu a operação que resultou na prisão de dezenas de policiais e na exoneração do chefe da Polícia Civil, Allan Turnowski, como “uma balbúrdia”.
Em depoimento que durou quatro horas, Oliveira jogou pesado para desqualificar a operação, insinuando que sua prisão está ligada à convocação para depor em uma ação civil pública que averiguaria a inoperância da Polícia Federal no combate ao tráfico de armas. Segundo o delegado, ele foi convocado no dia 4 de fevereiro, o pedido de prisão saiu no dia 7 e ele foi preso em 11 de fevereiro, dia marcado para o depoimento.
O delegado agradeceu por diversas vezes o convite para falar na CPI, que é presidida pelo deputado Marcelo Freixo, do PSOL. “Pela primeira vez consigo ser ouvido. Levei 17 dias para tomar conhecimento das acusações contra mim”, disse Oliveira, que acusou a Operação Guilhotina de ser “racista e direcionada”. “Eu me vi num turbilhão de briga pelo poder. Esse pessoal deve pensar: ‘esse neguinho deveria estar servindo café ou vendendo limão”, afirmou.
Oliveira – que ajudou a criar e dirigiu a Delegacia de Repressão a Armas e Explosivos (Drae) – descreveu minuciosamente, com ajuda de um datashow, o funcionamento do tráfico de armas no Brasil. Quando a Operação Guilhotina foi deslanchada, ele ocupava cargo de confiança na prefeitura. Era subsecretário de operações da Secretaria Especial de Ordem Pública, que combate, entre outros desvios, o comércio ilegal de armas.
A participação na CPI foi positiva para Oliveira, que ganhou apoio dos membros da comissão. Zaqueu Teixeira (PT), Paulo Ramos (PDT), Wagner Montes (PDT), Luiz Paulo Corrêa da Rocha (PSDB) e Flávio Bolsonaro (PP) manifestaram claramente acreditar na inocência do delegado e pretendem convidar o superintendente da PF, Ângelo Gioia, a prestar seu depoimento.
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