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Célia Regina Falótico: ‘A rede pública tem limitações’

Em entrevista ao site de VEJA, secretária municipal de Educação de São Paulo admite que número de crianças sem creche é alto, e não garante solução

Por Thais Arbex
16 jul 2012, 07h22

Em abril passado, seis anos após assumir o comando da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo, Alexandre Schneider deixou a pasta para, meses depois, tornar-se candidato a vice-prefeito na chapa do tucano José Serra. Até então secretária-adjunta, a professora Célia Regina Falótico assumiu a pasta com o desafio de acabar com a falta de vagas em creches na cidade de São Paulo – uma das promessas da campanha do prefeito Gilberto Kassab e um dos gargalos da educação na maior cidade do país. Leia também: Eleições 2012: a educação no centro da disputa Em entrevista ao site de VEJA, ela admite, porém, que a cinco meses do fim da atual gestão, a missão de tirar 123.000 crianças da fila de espera por uma vaga ficará para o próximo governo. “Precisamos zerar a demanda em relação às creches e universalizar o atendimento. Acredito que a próxima gestão terá todas as condições para dar continuidade a esse processo”. Hoje, 1.174 creches atendem 206.400 crianças de 0 a 3 anos em toda a capital paulista. Em 2005, eram 59.000 crianças matriculadas em unidades. Apesar da expansão da rede municipal, ainda faltam aproximadamente 713 unidades educacionais para zerar o déficit. Abaixo, os principais trechos da entrevista concedida pela secretária ao site de VEJA: Quais os principais desafios que o próximo prefeito terá em relação à educação em São Paulo? Ainda temos muitos desafios pela frente. A questão das vagas na creche é uma das principais. Precisamos zerar a demanda e universalizar o atendimento. Acredito que a próxima gestão terá todas as condições para dar continuidade a esse processo e, quem sabe, chegar a um atendimento universalizado. Esse é um grande desafio, mas não é o único. Temos também de melhorar a formação e requalificação de professores, que é uma questão extremamente importante porque as mudanças que ocorrem em todos os segmentos da sociedade são muito rápidas e nós precisamos correr atrás disso. A formação dos professores sempre estará na nossa pauta de prioridades. Como zerar o número de crianças que ainda estão fora das creches? Hoje temos cerca de 123.000 crianças com até 3 anos que buscam vagas em creches na cidade, segundo nosso último levantamento, de 31 de março. Estamos construindo novos prédios, alugando outros – onde eles existem -, e formalizando convênios com instituições que possuem prédios próprios ou que se dispõe a alugar locais, desde que adequados às nossas necessidades. Estamos trabalhando de todas as maneiras para zerar ou pelo menos reduzir este número, que é muito alto. Como está a questão do turno da fome na rede municipal? Isso está diretamente relacionado à conciliação da jornada de trabalho dos professores, especialmente os de educação infantil, com a jornada das escolas. Há um tempo, as EMEIS [Escolas Municipais de Educação Infantil] funcionavam em três turnos diários de quatro horas, com o turno da fome. Isso foi erradicado. Temos hoje todas as escolas de educação infantil funcionando em turnos de seis horas diárias. Precisamos adequar a jornada dos professores para otimizar o trabalho, porque hoje precisamos de três professores para cobrir uma jornada de doze horas para duas turmas. O mais adequado é estender a jornada do docente e fazer com que um professor só cubra um turno inteiro. Muitas mães reclamam do turno de seis horas, porque elas têm uma jornada maior de trabalho, o que as impede de buscar ou levar os filhos para a escola. Temos um turno de dez horas para crianças de 0 a 3 anos e 11 meses. Assim, a mãe tem todo o conforto possível. Para a educação infantil, que são as crianças de 4 e 5 anos, a jornada que era de quatro horas passou a ser de seis. Neste momento, para garantir a universalização do atendimento que nós nos propusemos a fazer e efetivamente conseguiremos até o final de 2012, não há como estender a jornada além de seis horas. E além disso, uma criança dessa idade, com seis horas de escola, está bem atendida. A família tem que buscar algumas alternativas, porque quando a criança seguir para o ensino fundamental, a jornada será de cinco horas. Na cidade de São Paulo, a jornada de todas as modalidades de ensino já foi estendida. O nosso objetivo é atender cada vez melhor as famílias, mas temos mais de um milhão de alunos e a rede física tem limitações. Para chegar ao ensino integral, ainda serão necessários alguns passos. As escolas têm estrutura para o turno integral? No ensino fundamental, em todas as escolas em que existe espaço disponível, oferecemos um programa no contraturno para crianças em situação de vulnerabilidade ou que precisam de recuperação. Eles têm a oportunidade de ficar até 7 horas na escola, duas além da jornada regular. Mas muitas crianças não conseguem participar dessas atividades por morarem longe das escolas. Nas nossas escolas, oferecemos lanches e almoço, portanto se a criança estiver matriculada em uma programação cujos horários sejam compatíveis, ela pode permanecer na escola, não há necessidade de voltar para casa. Ela vai ter gente disponível para oferecer as aulas de ballet, judô, natação, várias atividades que efetivamente existem nos CEUS, além do ensino regular. Às vezes o que acontece, no entanto, é que os horários não são exatamente encaixados. Nesses casos, o que se orienta é que se as atividades extracurriculares começam às 16h e a criança só teve aula até às 13h, ela pode ir para casa para descansar, trocar de roupa. Se ela mora muito longe ou se a família não pode trazer, muitas vezes a criança acaba não participando das atividades. Mas não é habitual. O normal é que a escola consiga encaixar os horários para atender o maior número de crianças nesse contraturno. Isso tem acontecido muito.


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