Alckmin: racionamento de água seria irresponsável
Governo paulista e Sabesp foram notificados de recomendação do Ministério Público para implantar plano de racionamento imediatamente no Estado
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, afirmou neste sábado que “não pretende mudar nenhuma estratégia” relacionada ao abastecimento de água do Estado. “A população tem aderido e ajudado muito através do uso racional da água. Noventa por cento da população reduziu o consumo de água”, disse. “Seria uma atitude até irresponsável fazer racionamento, pois poderíamos perder toda a economia obtida.”
Nesta semana, o governo paulista foi notificado da recomendação do Ministério Público Federal (MPF) para que seja implantado o racionamento de água nas regiões abastecidas pelo Sistema Cantareira. A partir da notificação, começou a correr o prazo de dez dias para que o Palácio dos Bandeirantes e a Sabesp apresentem um plano para colocar a medida em prática imediatamente. A Sabesp alega que o abastecimento de toda região está assegurado até a chegada do próximo período de chuvas, prevista para outubro.
“O racionamento poderia até acarretar perdas físicas, pois quando fecha um sistema e depois reabre, há uma grande mudança de pressão”, disse Alckmin. “A decisão é técnica e estamos preparados para esperar o período das chuvas.”
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Ao elaborar a recomendação ao governo paulista, o Ministério Público Federal sustentou que um estudo da Unicamp aponta risco de o volume do Cantareira secar totalmente em menos de cem dias. O Cantareira abastece 8,8 milhões de pessoas Grande São Paulo e atende mais 5 milhões de habitantes nas bacias dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí.
Segundo os procuradores que elaboraram a recomendação, o objetivo é evitar “um colapso do conjunto de reservatórios” em função da “maior crise hídrica do Estado”. Se o governador e a Sabesp não tomarem providências sobre a crise no Cantareira, o MPF cogita entrar na Justiça para que a medida seja atendida.
A recomendação da Procuradoria foi anexada a um inquérito civil que apura a crise hídrica no Estado de São Paulo. O MPF tem competência para investigar o caso porque os recursos hídricos do Sistema Cantareira pertencem à União, que concede o uso para a Sabesp.
(Com Estadão Conteúdo)