Vídeo flagra policiais batendo em manifestante em Hong Kong
O ativista pró-democracia Ken Tsang já estava algemado quando foi agredido
As tensões em torno dos protestos pró-democracia em Hong Kong aumentaram nesta quarta-feira depois da divulgação de um vídeo no qual policiais agridem um manifestante em uma noite de muitos confrontos entre os ativistas e as forças de segurança. O ministro da Segurança da ex-colônia britânica, Lai Tung-kwok, anunciou que os policiais seriam suspensos e que o caso será investigado.
As imagens exibidas pelo canal TVB foram gravadas na noite de terça-feira, quando as forças de segurança retiravam novas barricadas erguidas pelos manifestantes. Cerca de seis policiais com roupas civis e coletes de identificação levam um manifestante já algemado para uma parte afastada de um parque e depois o agridem. O caso ocorreu no bairro de Admiralty, que concentra prédios ministeriais e que foi ocupado pelo movimento pró-democracia há mais de 15 dias.
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O manifestante foi identificado como Ken Tsang, assistente social e membro do Partido Cívico. O líder da legenda, Alan Leong, disse à rede americana CNN que as imagens mostram “um abuso evidente do poder de polícia”. Segundo Leong, “uma sociedade tão civilizada como Hong Kong definitivamente não vai aceitar” tal comportamento das forças de segurança. Tsang, que aparece nas imagens vestindo uma camiseta do Corinthians, escreveu em seu perfil no Facebook, no início deste mês, que voltava a Hong Kong depois de onze meses viajando pela América do Sul para “se juntar à luta por democracia”.
O advogado de Tsang, Dennis Kwok, informou que Tsang já foi acusado de jogar água em policiais durante confrontos. “Independentemente do que ele estava fazendo, ele já estava dominado, suas mãos estavam algemadas e o procedimento adequado seria levá-lo em custódia e lidar com ele de acordo com a lei”, completou o advogado.
Reações – O líder estudantil Joshua Wong declarou que os manifestantes, que já haviam sido alvo de bombas de gás lacrimogêneo no final de setembro, perderam a confiança na polícia. “O que a polícia deveria ter feito era escoltar o manifestante até a viatura, e não levá-lo para longe, agredi-lo com socos e chutes durante quatro minutos”, disse. A Anistia Internacional também condenou a ação. “Me embrulha o estômago pensar que existem policiais em Hong Kong que acreditam estar acima da lei”, disse Mabel Au, diretora da organização na ex-colônia britânica.
Manifestantes e policiais entraram em conflito na manhã de quarta-feira, quando as forças de segurança começaram a desmantelar uma nova barricada instalada em um túnel próximo a edifícios oficiais. Quarenta e cinco pessoas foram detidas e quatro policiais ficaram feridos, segundo as autoridades. As barricadas colocadas desde 28 de setembro afetaram consideravelmente as atividades em Hong Kong e a vida cotidiana de mais de sete milhões de habitantes no território semiautônomo, que passa pela maior crise política desde a devolução para a China, em 1997.
Os manifestantes, desafiando a tutela chinesa, exigem a possibilidade de escolher livremente o próximo chefe do Executivo Hong Kong, em 2017, mas o Partido Comunista Chinês teme um contágio das reivindicações em seu território e deseja controlar o processo eleitoral.
(Com agência France-Presse)