Nos últimos dias da campanha eleitoral na Venezuela, os discursos dos candidatos foram reforçados pela musicalidade. De um lado do palco, Nicolás Maduro, apontado por Hugo Chávez como seu sucessor, ataca de MC e tenta cantar um rap ridicularizando seu principal oponente, Henrique Capriles.
Capriles não atacou de crooner, mas recebeu o reforço de nomes importantes da música, como Alejandro Sanz e Willie Colón, nascido no Bronx, em Nova York, de origem porto-riquenha. Sanz usou sua conta no Twitter para demonstrar apoio ao principal candidato da oposição. “Vamos, Capriles! Vamos, Venezuela, é o seu futuro que agora se decide”, postou o cantor, que tem dois shows marcados no país em meados de maio. Colón também usou o Twitter para enviar mensagens de apoio a Capriles. A mais forte, uma música na qual não cita nominalmente Maduro, mas faz críticas ao candidato oficialista.
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A versão da música “Mentira fresca”, de Rolando Padilla, fala dos problemas da Venezuela, como os apagões, a desvalorização da moeda, a alta da criminalidade. Logo no início da canção, uma referência a Maduro como “substituto encarregado de piorar o desastre”. No final, a letra expressa o desejo de que “nenhum venezuelano fique sem água, sem luz, sem terreno” e, principalmente, que “ninguém fique sem votar, porque há um caminho com Henrique Capriles”.
A reação do oficialista veio em um comício, no início da semana, quando ele disse que Colón “caiu na lama”. Também aproveitou para fazer mais uma citação anti-Estados Unidos. “Por que, se é porto-riquenho, você beija a mão imperial que fez de seu país uma colônia?”.
Em entrevista ao The New York Times, Colón contou que tem muitos fãs na Venezuela e que, há alguns anos, começou a postar mensagens antichavistas no Twitter e recebeu respostas agressivas. “Eles pularam em mim e quiseram arrancar meus dentes fora, então eu disse ‘ok’, e arregacei minhas mangas”.
Maduro também recorreu à música, de forma bem mais improvisada, com rap contra Capriles, no qual chamou os eleitores a chamarem o opositor de “burguesinho, copiazinha”. E disse que “pega mal” ao adversário crer que é Chávez. Discurso, aliás, que é adotado pelo governista, que já se disse “filho” do coronel.
Quem for eleito neste domingo ficará encarregado de completar o mandato de Hugo Chávez, até 2019. O caudilho teve sua morte anunciada no último dia 5 de março.