Ucranianos vão às ruas pedir libertação de ex-premiê
Para oposição, Yulia Tymoshenko foi detida por motivos políticos
Mais de 2.000 ucranianos participaram neste sábado de um congresso da oposição ao ar livre em Kiev para protestar contra o regime do presidente Viktor Yanukovich e exigir a libertação dos opositores detidos, entre eles a ex-primeira-ministra Yulia Tymoshenko. Os manifestantes se reuniram em uma praça do centro da cidade convocados por vários partidos da oposição, inclusive o de Yulia, que cumpre uma pena de sete anos de prisão.
“Liberdade para a Ucrânia! Liberdade para Yulia!”, bradou Olexandre Turtshinov, o chefe-adjunto do partido da opositora. Os líderes da oposição também apresentaram um plano de ação conjunto visando as eleições legislativas de 28 de outubro, consideradas pelo Ocidente como um teste para o poder ucraniano, muito criticado pelo retrocesso da democracia.
“Nossa primeira preocupação depois das eleições legislativas deve ser a libertação dos prisioneiros políticos como Tymoshenko e seu ex-ministro do Interior, Yuri Lutsenko”, disse um dos deputados, Viatsheslav Kirilenko. “Este governo já não pode dirigir o país”, disse Turtshinov. “Devemos retirar o poder de Yanukovitsh e voltar a colocar a Ucrânia no caminho europeu”, acrescentou.
Tratamento – Yulia foi transferida nesta semana da prisão para o hospital após denunciar que havia sido agredida por guardas penitenciários e enfrentar 20 dias de greve de fome. A ex-premiê, que também sofre com hérnias de disco, está sob o tratamento de um médico alemão. Evguenia Timoshenko, a filha da ex-primeira-ministra, leu uma mensagem redigida por sua mãe, da prisão, na qual expõe seu projeto de reformas políticas para democratizar o país. “Mamãe, sei que me ouve agora e estou certa de que você estará novamente entre nós”, disse Evguenia, com os olhos marejados. A concentração foi transmitida ao vivo por ao menos uma rede de televisão.
Presa desde agosto passado, Yulia foi condenada em outubro a sete anos de prisão por abuso de poder e enfrenta uma série de outras investigações judiciais. O caso provocou uma grave crise política nas relações entre Kiev e a União Europeia, para quem a condenação tem motivação política.
Uma dezena de presidentes europeus boicotou uma cúpula prevista para esta semana na Ucrânia. Além disso, a Comissão Europeia anunciou que nenhum comissário viajará à Ucrânia para a Eurocopa 2012, prevista para 8 de junho, e vários países europeus ameaçaram fazer o mesmo.
(Com agência France-Presse)