Donald Trump ‘traiu a nação’ em caso de impeachment, dizem deputados
Relatório do Comitê Judiciário da Câmara dos Deputados argumenta em favor do afastamento do magnata do cargo
O Comitê Judiciário da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos concluiu que o presidente Donald Trump “traiu a nação ao abusar das funções de seu posto”, conforme está registrado no documento de 658 páginas que oficializa o processo de impeachment. O relatório foi apresentado nesta segunda-feira, 16, não contém novas provas contra Trump, mas apresenta detalhes e argumentos para que o magnata seja afastado do seu cargo.
O texto é é muito similar aos produzidos durante os processos de impeachment contra os ex-presidentes americanos Richard Nixon, que renunciou ao cargo em 1974, e Bill Clinton, que foi absolvido no Senado, em 1999.
“O presidente Trump colocou seus interesses políticos e pessoas acima da nossa segurança nacional, de nossas eleições justas e livres, e de nosso sistema de pesos e contrapesos”, afirma o documento. “Ele se envolveu em um padrão de condutas ilegais que vão continuar se ele sair ileso. Dessa forma, o presidente Trump deve sofrer um impeachment e ser removido de seu cargo”.
Na semana passada, o Comitê Judiciário aprovou os dois artigos de impeachment que pesam contra o republicano e avançou o caso para o plenário da Câmara dos Deputados, onde deverá ser aprovado na quarta-feira, 18.
O republicano é acusado de abuso de poder e obstrução do Congresso no caso que foi apelidado pela imprensa de “Ucraniagate”. Após dois meses de investigações, os congressistas democratas alegam que Trump reteve ajuda militar para a Ucrânia enfrentar a ameaça dos separatistas pró-russos no leste do país. Além disso, ele é acusado de oferecer uma visita à Casa Branca ao presidente ucraniano, Vladimir Zelensky, em troca de Kiev abrir uma investigação de corrupção contra Joe Biden, seu potencial oponente nas eleições de 2020.
“Quando o presidente exige que um governo estrangeiro anuncie investigações contra seu rival político doméstico, ele corrompe nossas eleições”, dizem ainda os membros do Comitê Judiciário no documento divulgado nesta segunda. O relatório pede que o plenário da Câmara aprove o prosseguimento do caso para o Senado, pois as atitudes do presidente “não beneficiam a liderança de uma sociedade democrática”.
O presidente nega ter cometido qualquer irregularidade. “O impeachment é uma farsa. É uma mentira”, disse Trump na sexta-feira. “Nada de errado foi feito. Usar o poder de impeachment para essa insensatez é um constrangimento para este país”.
A Câmara provavelmente tratará da questão na quarta-feira, 18, encaminhando uma votação nesta semana para decidir se aprova as acusações e envia a matéria para o Senado, de maioria republicana, realizar um julgamento sobre seu afastamento do cargo.
Os democratas, que têm uma maioria de 36 cadeiras na Câmara, devem vencer a votação do impeachment, que só exige uma maioria simples. Os republicanos ocupam 53 dos 100 assentos do Senado, onde parece provável que prevalecerão em qualquer julgamento contra Trump, uma vez que seria necessária uma maioria de dois terços para seu impedimento.