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Trump barra fundos do Serviço Postal para lesar eleições por correio

Crítico ao voto por correspondência, que diz ser fraudulento e favorecer democratas, presidente ignora pandemia de coronavírus ao vetar financiamento

Por Amanda Péchy Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 13 ago 2020, 18h00
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  • O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta quinta-feira, 13, que se recusou a aprovar o financiamento ao Serviço Postal americano, porque o aumento da votação por correio seria fraudulenta e favoreceria os democratas, segundo ele.

    Trump já havia afirmado sucessivamente que era contra a votação por correio, principalmente depois que as pesquisas passaram a mostrar seu adversário, o democrata Joe Biden, com uma ampla vantagem. Segundo o republicano, eleições à distância abrem brecha para fraudes e interferências eleitorais. Para a oposição, o líder americano estaria tentando sabotar as eleições para garantir um segundo mandato.

    O voto por correio já é consolidado nos Estados Unidos, mas espera-se que um número recorde de 76% dos eleitores utilize a modalidade devido à pandemia de coronavírus. Além da alta demanda que isso representa, o sistema postal dos Estados Unidos está passando por uma crise e desaceleração nas entregas de correspondência, que críticos atribuem às políticas do governo Trump.

    Na quarta-feira 12, Trump disse a repórteres que o motivo pelo qual se recusou a aprovar um pacote de financiamento de 25 bilhões de dólares para o Serviço Postal, nem os 3,5 bilhões de dólares para segurança eleitoral, foi o alto custo. Contudo, nesta quinta-feira, ele disse que bloqueou os fundos devido à sua oposição ao voto por correspondência.

    “Eles querem 3,5 bilhões de dólares para algo que acabará sendo fraudulento. Isso é dinheiro da eleição, basicamente”, disse Trump, em entrevista à emissora americana Fox News. “Se não fizermos um acordo, isso significa que eles não recebem o dinheiro e não podem ter votação universal por correspondência”, completou.

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    Apesar das afirmações de Trump, não há evidências de que a votação pelo correio favoreça determinado partido político. Além disso, de acordo com o Brennan Center for Justice, um think tank de direito e políticas públicas, embora as cédulas por correio sejam mais suscetíveis a desvios e falsificações, apenas 491 casos de fraudes eleitorais no sistema por correspondência foram registrados entre 2000 e 2012. Estatisticamente, é mais provável que um americano seja atingido por um raio.

    Como nos Estados Unidos o voto é facultativo, a vitória dos candidatos à Presidência depende da capacidade das campanhas engajarem o eleitorado, algo bem complicado em tempos de pandemia. A baixa adesão costuma favorecer o Partido Republicano que, na última eleição, venceu graças ao sistema de votação por colégio eleitoral, mas recebeu menos votos do que o Partido Democrata. Além disso, a estratégia pode abrir brecha para que Trump conteste um resultado que não lhe favoreça.

    Andrew Bates, um porta-voz de Biden, condenou o comentário, dizendo que Trump está fazendo uma sabotagem intencional por medo de perder as eleições.

    “Trump quer privar os americanos de seu direito fundamental de votar com segurança durante a mais catastrófica crise de saúde pública em mais de 100 anos”, disse Bates.

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