O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, retomou sua ameaça de fechar a fronteira do país com o México e de enviar mais “soldados armados” à divisa nesta quarta-feira, 24. Trump alegou que uma nova caravana de emigrantes centro-americanos se dirige a seu país e que militares mexicanos teriam apontado suas armas contras tropas americanas.
“Uma caravana muito grande de mais de 20 mil pessoas começou no México. Ela foi reduzida em tamanho pelo México, mas continua chegando. O México deve deter o restante ou seremos obrigados a fechar essa seção da fronteira e convocar o Exército”, escreveu Trump no Twitter.
“Soldados do México recentemente desarmaram nossos soldados da Guarda Nacional, provavelmente como uma tática de distração para os traficantes de drogas na fronteira. Mas é bom que não volte a acontecer! Agora estamos enviando soldados armados para a fronteira”, tuitou novamente Trump.
O Comando Norte dos Estados Unidos informou que, em 13 de abril, perto das 14 horas, entre cinco e seis militares mexicanos interrogaram dois soldados americanos que realizavam uma operação de apoio na fronteira em veículo sem identificação da Patrulha da Fronteira.
O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, respondeu que seu país não cairá em “nenhuma provocação” e que as duas nações não vão brigar, mas manter “relação respeitosa e de amizade”. Também afirmou que seu governo analisará o suposto incidente militar na fronteira.
“O mais importante é dizer que não vamos enfrentar o governo dos Estados Unidos”, disse López Obrador ao ser questionado pela imprensa sobre as provocações de Trump.
“Vamos analisar esse incidente. Vamos levar em conta o que ele está assinalando e agir de acordo com a lei dentro da estrutura de nossa soberania”, disse o líder esquerdista durante sua costumeira entrevista matutina à imprensa.
A chancelaria mexicana considerou o episódio “comum”. “Esse tipo de incidente é comum, toda vez que se trata de uma verificação de patrulha ordinária, sem consequências para ambos os governos, que mantêm comunicação permanente e fluida”, disse a instituição em comunicado.
Coiotes e cartéis
Trump não deu mais detalhes sobre o suposto plano – nem sobre o contingente adicional, nem sobre o prazo de execução. Também não mencionou novamente seu ambicionado muro na fronteira, construção para a qual conseguiu extrair recursos do Pentágono graças à decretação de emergência nacional no país. O muro seria a obra mais emblemática a exibir na sua campanha de reeleição em 2020.
Os Estados Unidos já enviaram cerca de 6.000 militares para sua fronteira com o México, entre soldados ativos e reservistas da Guarda Nacional, como demonstração de força para inibir as caravanas de emigrantes, que começaram no ano passado. Dadas as limitações legais, os soldados reforçam a cerca na divisa e ajudam a patrulha da fronteira no transporte de provisões.
No início de abril, Trump cedeu em sua primeira ameaça de fechar a fronteira com o México e afirmou que daria ao país vizinho um ano de prazo para deter o fluxo de drogas. Caso contrário, imporia tarifas aos automóveis mexicanos antes de decidir pelo fechamento da divisa.
Voltou atrás em seguida, dadas as pressões internas contra a medida, que afetaria a economia americana e tornaria mais difícil a aprovação da atualização do acordo do Nafta pelos Congressos americano, do México e do Canadá. Mas o governo de López Obrador redobrou a vigilância e os obstáculos aos imigrantes vindos da América Central.
Há duas semanas, Trump insinuou que mandaria mais “soldados” à fronteira com o México depois de ter ouvido histórias sobre imigrantes ilegais que morrem durante o trajeto ao país. Mas tampouco levou essa ideia adiante. Nesta quarta-feira, porém, voltou à carga.
“Os coiotes e cartéis têm armas!”, afirmou, referindo-se aos traficantes de pessoas que atuam na fronteira e que estão associados ao crime organizado.