Todos os ministros do Kuwait renunciaram nesta quinta-feira
Dissolução do gabinete no país não tem conexão com revoltas no Oriente Médio
Todo o gabinete de ministros do governo do Kuwait renunciou nesta quinta-feira, causando uma nova crise no país do Golfo Pérsico, rico em petróleo e que tem apresentado uma tendência à instabilidade política nos últimos anos. As renúncias, aceitas nesta tarde pelo emir do país, ocorrem após congressistas apresentarem petições para questionar no Parlamento três ministros, membro da família Al-Sabah, que comanda o Kuwait, por várias acusações. Entre elas, corrupção e incompetência. Depois da dissolução do gabinete, parlamentares da oposição também intensificaram os pedidos pela saída primeiro-ministro, Nasser Mohammed al-Ahmad Al-Sabah.
Questionar ministros é corriqueiro na maioria dos parlamentos do mundo, mas no Kuwait o interrogatório é interpretado como um desafio direto ao indivíduo, e indireto ao governante, que tem a última palavra na política. A crise, que não tem nenhuma conexão com as revoltas no mundo árabe, marca a sexta mudança do gabinete liderado pelo atual premiê, desde que ele foi nomeado, há cinco anos. O Parlamento também foi dissolvido três vezes neste período.
A crise – O primeiro-ministro, criticado pela oposição, é sobrinho do emir xeque Sabah al-Ahmad Al-Sabah, que comanda o país. Nesta quinta-feira, vários deputados da oposição pediram um novo premiê, afirmando que o xeque Nasser é incapaz de liderar o Kuwait, apesar de todo o lucro obtido com a venda de petróleo a preços altos. O emir tem o poder para selecionar o premiê.
A crise, contudo, não começou nesta quinta. Na semana passada, os parlamentares liberais Adel al-Saraawi e Marzouk al-Ghanem apresentaram pedidos para convocar o vice-ministro de Economia, xeque Ahmad Fahad al-Sabah, para dar explicações sobre acusações de corrupção em contratos no valor de 900 milhões de dólares. Dias depois, o parlamentar xiita Faisal al-Duwaisan apresentou uma convocação para o ministro da Informação e do Petróleo, xeque Ahmad Abdullah Al-Sabah. Outro parlamentar xiita exigiu que o ministro das Relações Exteriores, xeque Mohammed Al-Sabah, seja convocado para esclarecer questõe sobre o seu trabalho.
Agora, o emir ainda precisa nomear o atual premiê ou outra figura para formar uma nova equipe. O Kuwait tem 10% das reservas globais de petróleo e atualmente extrai 2,3 milhões de barris por dia.
(Com agência Estado)