A aviação saudita bombardeou deliberadamente a embaixada do Irã no Iêmen e deixou vários feridos, inclusive pessoas do corpo diplomático, afirmou nesta quinta-feira um porta-voz do ministério das Relações Exteriores, Hossein Jaber Ansari. “Esta ação deliberada da Arábia Saudita é uma violação de todas as convenções internacionais para proteger as sedes diplomática e o governo saudita é responsável pelos danos causados e pela situação dos feridos”, afirmou Jaber Ansari. Até o momento, a Arábia Saudita, que lidera uma coalizão para combater os rebeldes houthis no Iêmen, não comentou o episódio.
Arábia Saudita, Barein, Sudão e Djibuti romperam os laços com o Irã nesta semana, enquanto os Emirados Árabes Unidos rebaixaram o status das relações com a República Islâmica. Kuwait e Catar também chamaram de volta seus embaixadores depois de a embaixada saudita em Teerã ter sido invadida por manifestantes iranianos. As tensões entre o Irã, uma potência muçulmana xiita, e o reino conservador sunita [entenda as diferenças entre xiitas e sunitas no quadro abaixo] da Arábia Saudita se agravaram desde que Riad executou, no último sábado, o clérigo Nimr al-Nimr, um opositor da dinastia saudita no poder que defendia maiores direitos para a minoria xiita marginalizada no país.
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“As políticas do regime saudita vão ter um efeito dominó e eles vão ser enterrados sob uma avalanche que eles criaram”, disse o número dois na linha de comando da Guarda Revolucionária iraniana, o general Hossein Salami, segundo a agência de notícias Fars. “Se os sauditas não corrigirem sua trajetória, o regime deles vai entrar em colapso nos próximos anos”. Salami comparou as políticas sauditas às de Saddam Hussein, presidente iraquiano deposto por forças dos EUA em 2003.
Saddam, um sunita, foi enforcado em 2006, após ter sido condenado por crimes contra a humanidade depois de ter matado 148 cidadãos xiitas em seguida a uma tentativa de assassinato contra ele, em 1982. O Irã tem acusado a Arábia Saudita de se valer do ataque contra a embaixada como desculpa para romper os laços e agravar as tensões sectárias. A Guarda Revolucionária prometeu uma “vingança severa” contra a dinastia real saudita pela morte de Nimr, afirmando que isso iria “custar caro à Arábia Saudita”.
(Da redação)