Síria: para Kofi Annan, intervenção militar pioraria situação
O enviado pediu que esforços diplomáticos continuem para deter a violência
O enviado da ONU e da Liga Árabe para a Síria, Kofi Annan, advertiu nesta quinta-feira no Cairo sobre as consequências de uma hipotética intervenção militar na Síria, que, segundo ele, pioraria a situação. “Qualquer aumento das operações militares causaria uma deterioração da situação”, afirmou Annan em entrevista coletiva conjunta com o secretário-geral da Liga Árabe, Nabil al Araby.
Entenda o caso
- • Na onda da Primavera Árabe, que teve início na Tunísia, sírios saíram às ruas em 15 de março para protestar contra o regime de Bashar Assad, no poder há 11 anos.
- • Desde então, os rebeldes sofrem violenta repressão pelas forças de segurança, que já mataram mais de 9.400 pessoas no país.
- • A ONU alerta que a situação humanitária é crítica e investiga denúncias de crimes contra a humanidade por parte do regime.
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Annan preveniu quanto às consequências para a região de “uma má gestão” da crise. Ele pediu para que os esforços diplomáticos continuem a fim de deter a violência na Síria e citou como exemplo a iniciativa árabe e a resolução da Assembleia Geral da ONU, que contêm “boas propostas” e que ele analisará com as diferentes partes em busca de uma solução negociada.
“É preciso pôr fim aos assassinatos e começar as reformas”, exortou o enviado especial, que classificou a situação de “muito grave”, tanto para os cidadãos sírios quanto para toda a região. “Isto não pode continuar assim, a violência e os assassinatos devem cessar imediatamente”, sentenciou.
Missão – Kofi Annan destacou que conta com o apoio de toda a comunidade internacional para realizar a missão e ressaltou o consenso sobre a necessidade de um único processo de mediação. A esse respeito, Nabil al Araby explicou que durante os contatos entre a Liga Árabe e a ONU sobre as tentativas de mediação houve um acordo para definição de um só interlocutor conversando com as duas partes.
O responsável pan-árabe lembrou que Annan viajará à Síria no sábado em uma missão “muito importante para pôr fim a esta situação tão triste” e indicou que o que agora se pede é o fim dos combates e a chegada de ajuda humanitária. Araby apontou que, desde o princípio, a Liga Árabe apostou pela via política para resolver o conflito com medidas como o envio de observadores.
Agenda – Annan, principal responsável das Nações Unidas entre 1997 e 2006, se reuniu nesta quinta-feira com o ministro das Relações Exteriores egípcio, Mohammed Amr, que o informou da postura egípcia para solucionar o conflito sírio – o Egito pede uma resolução pacífica da crise, que não a internacionalize.
Durante sua estada no Egito, Annan se reunirá com vários ministros das Relações Exteriores árabes que começarão a chegar ao Cairo na sexta-feira para assistir a uma reunião no sábado com o chanceler russo, Sergei Lavrov.
(Com agência EFE)