Senadores americanos pedem que Biden não libere dinheiro ao Brasil
Governo dos EUA pretende criar pacote de 20 bilhões de dólares para acabar com o desmatamento na Amazônia, mas senadores querem resultados prévios
Um grupo de 15 senadores do Partido Democrata dos Estados Unidos pediu ao presidente Joe Biden nesta sexta-feira, 16, que não concedesse auxílio monetário ao Brasil por conta do histórico de Jair Bolsonaro em relação ao meio ambiente.
Os congressistas demandaram que qualquer apoio à preservação da Amazônia estivesse condicionado a um progresso significativo na redução do desmatamento. Além disso, alertam que o fracasso em atingir as metas de redução afetará o apoio à candidatura do Brasil à OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico), um dos maiores objetivos de Bolsonaro.
O pedido foi feito dias antes de Biden encontrar-se com o brasileiro e outros chefes de Estado em uma cúpula sobre clima organizada pelos americanos, que ocorrerá on-line de 22 a 23 de abril. Na quarta-feira 14, Bolsonaro mandou uma carta ao seu homólogo nos Estados Unidos prometendo acabar com o desmatamento ilegal até 2030, na esperança de garantir bilhões de dólares em auxílio para promover o desenvolvimento sustentável na Amazônia.
A cooperação internacional em relação ao meio-ambiente foi uma dos principais pontos da campanha do novo líder da Casa Branca para intensificar a luta contra as mudanças climáticas. Biden propôs que o Brasil receba um pacote de 20 bilhões de dólares para combater o desmatamento – e que o país deve sofrer repercussões se falhar.
Na época, Bolsonaro classificou os comentários de Biden como “lamentáveis”, acusando-o de imperialista. Agora, na carta enviada esta semana, ele disse apoiar o desenvolvimento sustentável com alternativas econômicas para os moradores empobrecidos da região e que para cumprir suas metas vai precisar de recursos externos, acrescentando que a ajuda do governo americano seria “muito bem-vinda”.
As negociações bilaterais com o Brasil sobre meio ambiente começaram em 17 de fevereiro, lideradas por John Kerry, enviado especial do governo Biden para o clima.
Os 15 senadores, que incluem os ex-candidatos à presidência Bernie Sanders e Elizabeth Warren, disseram apoiar a cooperação na Amazônia entre os dois governos, mas questionaram a credibilidade de Bolsonaro.
“A retórica e as políticas do presidente Bolsonaro efetivamente deram sinal verde a perigosos criminosos que operam na Amazônia, permitindo-lhes expandir dramaticamente suas atividades”, disseram, em uma carta obtida pela agência Associated Press.
Segundo o texto, a parceria “só pode ser possível se o governo Bolsonaro começar a levar a sério os compromissos climáticos do Brasil – e somente se proteger, apoiar e se envolver de forma significativa com os muitos brasileiros que podem ajudar o país a cumpri-los”.
Os gastos do Brasil para proteger o meio ambiente diminuem há anos, chegando à queda recorde de orçamento de 25% no governo Bolsonaro, o nível mais baixo em duas décadas. Por isso, os senadores americanos argumentam que os Estados Unidos devem observar um sinal de sucesso antes de liberar o auxílio.