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Sem citar Maduro, Brasil expressa ‘preocupação’ com eleição na Venezuela

Período de inscrição de candidaturas nas eleições venezuelanas chegou ao fim à meia-noite de segunda-feira marcado por controvérsias

Por Da Redação
Atualizado em 8 Maio 2024, 12h05 - Publicado em 26 mar 2024, 14h22

O Ministério das Relações Exteriores expressou, em nota, nesta terça-feira, 26, “preocupação” com o processo eleitoral na Venezuela. O período de inscrição de candidaturas nas eleições venezuelanas chegou ao fim à meia-noite de segunda-feira marcado por controvérsias, incluindo a não habilitação do acesso da candidata Corina Yoris, que passou a representar a oposição a Nicolás Maduro, após ser indicada pela vencedora das primárias María Corina Machado, inabilitada a concorrer pelo Supremo.

“Esgotado o prazo de registro de candidaturas para as eleições presidenciais venezuelanas, na noite de ontem, 25/3, o governo brasileiro acompanha com expectativa e preocupação o desenrolar do processo eleitoral naquele país”, diz o documento do Itamaraty. “Com base nas informações disponíveis, observa que a candidata indicada pela Plataforma Unitária, força política de oposição, e sobre a qual não pairavam decisões judiciais, foi impedida de registrar-se, o que não é compatível com os acordos de Barbados. O impedimento não foi, até o momento, objeto de qualquer explicação oficial”.

Os acordos de Barbados, firmados em outubro do ano passado, entre o governo venezuelano e forças da oposição, estabeleceram parâmetros para as eleições presidenciais deste ano.

O texto do Itamaraty, no entanto, não cita nominalmente o nome do líder Nicolás Maduro. “O Brasil está pronto para, em conjunto com outros membros da comunidade internacional, cooperar para que o pleito anunciado para 28 de julho constitua um passo firme para que a vida política se normalize e a democracia se fortaleça na Venezuela, país vizinho e amigo do Brasil”, diz a nota. 

+ Ex-rival de Chávez enfrentará Maduro após cerco a candidatura da oposição

Segundo a Plataforma Unitária Democrática, Yoris não conseguiu realizar seu cadastro digital no prazo de cinco dias estabelecido pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), primeiro passo para a inclusão do candidato no sistema eleitoral. Assim, a professora universitária de 80 anos, que já era a “segunda opção”, não poderá enfrentar Maduro nas urnas no próximo 28 de julho. Manuel Rosales, um ex-rival do falecido Hugo Chávez, despontou como o principal adversário do atual chefe de Estado.

Entre os candidatos que conseguiram fazer a inscrição estão (claro) Maduro, o ex-preso político Daniel Ceballos, o comediante Benjamín Rausseo, o pastor evangélico Javier Bertucci, e Rosales. O presidente do CNE, Elvis Amoroso, confirmou que o partido Um Novo Tempo (UNT), uma das legendas que integram a coalizão PUD, registrou Rosales com sucesso.

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Minutos antes do anúncio do registro de Rosales, a Plataforma Unitária Democrática denunciou que “nunca” teve acesso ao sistema de candidaturas na plataforma online do CNE desde que o processo foi aberto, na quinta-feira da semana passada, 21 de março.

“Informamos à opinião pública nacional e ao mundo que temos trabalhado o dia todo, para tentar exercer o nosso direito constitucional de nomear o nosso candidato, mas não foi possível”, disse um dos líderes da coalizão opositora, Omar Barboza, em comunicado em vídeo.

A PUD desejava registrar a candidatura de Yoris, indicada como substituta de María Corina, que venceu com mais de 90% dos votos as primárias da aliança opositora no ano passado. Ela era favorita nas pesquisas, mas foi inabilitada para exercer cargos públicos por 15 anos.

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Em entrevista às Páginas Amarelas de VEJA, Machado havia dito que as eleições na Venezuela não poderiam ser consideradas livres caso ela não fosse permitida a participar, dado que havia sido escolhida como representante da oposição por voto popular. E profetizou: “O regime vai continuar cortando a cabeça de candidato após candidato até encontrar um fraco suficiente que seja capaz de derrotar”.

Resposta da Venezuela

O Ministério das Relações Exteriores da Venezuela repudiou a nota brasileira, afirmando que o comunicado é “cinzento e intervencionista” e “parece ter sido ditado pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos, no qual são emitidos comentários carregados de profundo desconhecimento e ignorância sobre a realidade política na Venezuela”.

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