Sarkozy vítima de confusão entre Bettencourt e Betancourt
Esse foi o motivo dado pela defesa do ex-presidente em um caso de 'abuso de fragilidade' para explicar seu comparecimento na quinta à justiça de Bordeaux
Uma confusão entre a milionária francesa Liliane Bettencourt e a ex-refém da guerrilha colombiana Ingrid Betancourt foi o motivo dado pela defesa de Nicolas Sarkozy para explicar seu comparecimento na quinta-feira à justiça de Bordeaux, afirmou nesta sexta-feira Thierry Herzog, advogado do ex-presidente francês, à emissora Europe 1.
Entenda o caso
- • Liliane Bettencourt, 89 anos, é a maior acionista do império de cosméticos L’Oreal e a mulher mais rica da França, com uma fortuna estimada em 16 bilhões de euros.
- • O escândalo explodiu em 2009, quando a partir de uma briga familiar entre ela e a filha, que a acusava de dilapidar a fortuna, vieram à tona mais de 20h de gravações de conversas de Liliane com assessores.
- • Os diálogos mencionavam fraude fiscal, interferência do governo e vínculos com o então ministro de Orçamento, Eric Woerth, tesoureiro de Sarkozy na campanha presidencial de 2007.
- • Woerth é acusado de ter recebido milhares de euros em espécie, o que constituiria financiamento ilegal de um partido político.
De acordo com o advogado, os juízes encarregados do caso de “abuso de fragilidade” relativo à herdeira da empresa de cosméticos L’Oréal, tomaram nota de que na agenda do ex-chefe do estado francês estava marcado para 5 de junho de 2007, pouco depois da eleição de Sarkozy, um encontro com “Betancourt”, e não “Bettencourt”.
“O juiz entendeu que o nome estava ‘mal escrito’, mas correto: se tratava da família de Ingrid Betancourt”, explicou o advogado, referindo-se à ex-candidata à presidência da Colômbia que foi refém das Farc até julho de 2008 e que tem dupla-nacionalidade colombiana e francesa. “Apenas um mês após assumir a presidência (Sarkozy) tinha uma obsessão, conseguir a libertação da refém francesa”, disse Herzog.
Em relação a outro encontro, agora com a verdadeira Liliane Bettencourt, em 5 de novembro de 2008, Herzog confirmou que Sarkozy recebeu na época durante “15 minutos a maior contribuinte da França, que havia pedido audiência”, junto com os respetivos conselheiros.
O advogado completou que considera “injúria” pensar que um “abuso de fragilidade” tivesse ocorrido nesta ocasião. Nicolas Sarkozy é considerado testemunha pelos juízes de Bordeaux (sudoeste da França) e foi chamado na quinta-feira para falar sobre um possível financiamento ilegal de sua campanha presidencial de 2007.
(Com agência France-Presse)