Rússia: saída de Bashar Assad está fora da realidade
Ministro acusou Ocidente de 'chantagem' para Moscou aceitar sanções
O ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, indicou nesta segunda-feira que a posição da Rússia sobre o impasse político na Síria continua a mesma, no mesmo dia em que o mediador da ONU e da Liga Árabe, Kofi Annan, encontra o presidente Vladimir Putin para discutir uma saída para os conflitos que atingem o país há um ano e quatro meses.
Entenda o caso
- • Na onda da Primavera Árabe, que teve início na Tunísia, sírios saíram às ruas em 15 de março de 2011 para protestar contra o regime de Bashar Assad.
- • Desde então, os rebeldes sofrem violenta repressão pelas forças de segurança, que já mataram milhares de pessoas no país.
- • A ONU alerta que a situação humanitária é crítica e investiga denúncias de crimes contra a humanidade por parte do regime.
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Segundo Lavrov, pedir para o ditador ditador Bashar Assad abandonar o poder, como defendem as potências ocidentais, é “irrealista”. O chanceler russo acusou os países do Ocidente de praticar “chantagem” para obrigar o governo de Moscou a aceitar as sanções ao regime de Damasco previstas no mais recente projeto de resolução do Conselho de Segurança da ONU.
“Lamentamos muito, mas vemos elementos de chantagem”, declarou o ministro, para quem os países liderados pelos Estados Unidos pressionaram a Rússia a aceitar as punições ou, caso contrário, “se recusariam a prolongar o mandato da missão de observadores” na Síria.
“Consideramos que é uma atitude absolutamente contraproducente e perigosa”, acrescentou Lavrov. Assim, as negociações no Conselho de Segurança das Nações Unidas sobre um projeto de resolução sobre a Síria cada vez mais se caracterizam como uma disputa entre o Ocidente e a Rússia.
Guerra Civil – A crescente onda de repressão na Síria e o recurdescimento dos conflitos com a oposição levaram o Comitê Internacional da Cruz Vermelha a declarar, neste domingo, estado de guerra civil no país. A organização confirmou que o conflito no país se estende além de Hama, Idlib e Homs, bastiões da oposição a Assad.
A decisão da Cruz Vermelha é um marco na revolta síria, pois dá novo status ao conflito. Além de aparato de proteção a civis, ela fixa condições para futuros processos jurídicos por crimes de guerra.
“O que importa é que agora as leis humanitárias se aplicam ao país, o que significa que civis e aqueles que não estão envolvidos no conflito devem ser protegidos”, disse o porta-voz da CRuz Vermelha em Genebra, Alexis Heeb ao jornal britânico The Guardian.
Al Qaeda – A pressão contra o regime de Bashar Assad cresceu neste domingo também devido a novas declarações do ex-embaixador da Síria em Bagdá, Nawaf Fares, que desertou na semana passada devido aos “terríveis massacres” cometidos pelo governo do ditador.
Em entrevista à rede americana CNN, ele afirmou que o regime sírio colabora com a rede terrorista Al Qaeda tanto no interior da Síria quanto na região da fronteira com o Iraque. “Bashar Assad e suas forças de segurança são responsáveis por milhares de mortes. Ele deu tudo que a Al Qaeda precisava. Treinou (terroristas), deu abrigo e ales e construiu ‘paraísos seguros’ para eles se esconderem”, acusou o diplomata.
Nawaf Fares pediu também que a comunidade internacional organize uma intervenção armada para tirar Bashar Assad do poder. “Eu apoio uma intervenção militar porque conheço a natureza desse regime. Ele só vai cair pela força”, disse.
(Com agência EFE)