Marcel Gascón.
Bucareste, 16 jan (EFE).- Milhares de pessoas saíram às ruas de toda a Romênia nesta segunda-feira pelo quarto dia consecutivo para pedir a renúncia do governo, que impõe uma das políticas econômicas mais rígidas da Europa para cumprir compromissos de austeridade estabelecidos com o Fundo Monetário Internacional (FMI).
Segundo a Agência Efe pôde comprovar em Bucareste, os protestos não autorizados se desenrolaram pela tarde (local) no centro da cidade, sob neve fraca e em meio a estritas medidas de segurança.
As forças de segurança detiveram três pessoas que portavam armas brancas, informou o canal de notícias ‘Realitatea’.
Por enquanto, não há registros de graves enfrentamentos, como os que no fim de semana deixaram mais de 70 feridos e dezenas de detidos.
Os manifestantes pedem a renúncia do presidente da Romênia, Traian Basescu, e do primeiro-ministro, Emil Boc, ambos de centro-direita, além de exigir eleições gerais antecipadas.
‘Basescu é como Ceausescu’, gritava a multidão no centro de Bucareste, referindo-se ao ex-ditador romeno Nicolae Ceausescu, fuzilado após a revolução romena do Natal de 1989. Segundo a agência de notícias ‘Medifax’, houve protestos em outras cidades, como Targu Mures, Timisoara, Cluj, Constanta e Pitesti.
‘Mentiram para nós. Nós pagamos toda a crise e eles continuam nos roubando’, disse à Efe um enfurecido aposentado que participou do protesto.
Os manifestantes rejeitam os drásticos cortes sociais e os aumentos de impostos realizados pelas autoridades romenas nos últimos três anos. Os salários do setor público foram reduzidos em 25%, vários subsídios estatais foram diminuídos ou eliminados, enquanto o imposto sobre valor agregado (IVA) passou de 19% para 24%.
As medidas de austeridade buscam cumprir um acordo feito por Bucareste com o FMI, que permitiu à Romênia obter um empréstimo de 20 bilhões de euros em 2009.
Enquanto isso, Boc defendeu nesta segunda-feira as políticas de austeridade de seu governo, dizendo que as reformas estruturais e medidas de economia salvaram o país do ‘colapso’ e ‘estabilizaram’ a economia do país. No entanto, ele reconhece que os efeitos benéficos dessa política ‘ainda não chegaram ao bolso dos romenos’. EFE