Reportagem de VEJA é citada nos congressos dos EUA e da Argentina
Acordo entre Irã, Venezuela e Argentina para troca de segredos nucleares e impunidade no caso Amia é mencionado em debates sobre relações exteriores e investigação criminal
A reportagem de VEJA que revelou a triangulação entre Irã, Venezuela e Argentina para a compra de segredos nucleares e a impunidade no caso Amia foi citada no Congresso americano e pode mudar o rumo das investigações judiciais em Buenos Aires.
Em um depoimento no Subcomitê de Relações Exteriores do Senado americano, nesta terça-feira, o consultor de segurança americano Douglas Farah, da IBI Consultants, disse: “Como a investigação de VEJA mostra, a Venezuela foi uma peça-chave nos esforços do Irã para reestabelecer laços nucleares com a Argentina, e esse relacionamento foi do maior interesse dos iranianos”.
Farah completou, referindo-se aos países do bloco bolivariano: “A influência americana está sendo substituída por uma doutrina letal de guerra assimétrica, inspirada por governos autoritários procurando poder perpétuo e patrocinados pelo Irã”, disse o consultor.
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Nesta quarta, a reportagem foi mencionada em audiência da Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos. Em depoimento, Joseph Humire, um estudioso da atuação do Irã na América Latina, disse: “VEJA revelou que, em 2007, o Irã enviou doações em espécie para a então candidata a presidente Cristina Kirchner, da Argentina, via Venezuela.”
Na Argentina, a investigação de VEJA reacendeu o caso que a presidente Cristina Kirchner e seus partidários estavam tentando abafar. Os deputados opositores Patricia Bullrich, Federico Pinedo e Laura Alonso encaminharam a reportagem da revista como evidência para os juízes que vão decidir na quinta-feira 19 se a denúncia do procurador Alberto Nisman merece ou não ser investigada.
Nisman apareceu morto em janeiro logo após apresentar uma denúncia contra a presidente e outros funcionários de alto escalão do governo por esconder a participação iraniana no atentado contra a Amia, uma associação judaica, em 1994.
“A Justiça corre o risco de ser vista como acobertadora dos acobertadores, e isso seria drástico para a Argentina”, disse a VEJA a deputada Laura Alonso, do PRO. “Voltar a enterrar a denuncia de Nisman, sabendo que cada vez mais a investigação é plausível, geraria ainda mais desconfiança entre os argentinos.”
No mês passado, o juiz Daniel Rafecas recusou o primeiro pedido de investigação, depois de apenas duas semanas de análise. Dos três juízes que irão avaliar a denúncia de Nisman, um voto deve votar a favor e outro contra. O terceiro é uma incógnita.
(Da Redação)