Brasília, 3 mai (EFE).- O Conselho de Ética do Senado iniciou nesta quinta-feira um processo que pode levar à perda do mandato do senador Demóstenes Torres, acusado de manter vínculos com máfias do jogo investigadas pela Polícia.
‘O que está em debate não é a imagem de um parlamentar, mas a imagem do Parlamento como um todo’, declarou o senador Humberto Costa, do Partido dos Trabalhadores (PT), ao pedir a abertura do processo de cassação de Demóstenes, que renunciou no mês passado ao Partido Democratas (DEM).
Segundo Costa, relator do processo, existem ‘claros e sérios indícios’ de que o senador tem vínculos diretos com o empresário Carlos Augusto Ramos, conhecido como ‘Carlinhos Cachoeira’, suposto chefe de uma máfia do jogo ilegal.
Cachoeira está detido desde o fim de fevereiro e suas alegadas relações com Demóstenes e outros políticos, tanto do Governo como da oposição, surgiram como resultado de escutas telefônicas realizadas legalmente pela Polícia durante os últimos meses.
As escutas também comprometem os governadores de Brasília, Agnelo Queiroz, do PT, e do estado de Goiás, Marconi Perillo, do opositor Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB).
Além disso, estas denúncias afetam a construtora Delta, que possui contratos milionários em diversos estados do Brasil, e especialmente no Rio de Janeiro, que será subsede da Copa do Mundo de futebol de 2014 e sede dos Jogos Olímpicos em 2016.
As dimensões da rede de corrupção em torno dos negócios de Cachoeira também levaram à criação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito, que tentará esclarecer denúncias que salpicam dezenas de políticos, empresários e até autoridades policiais. EFE