Reino Unido: Rússia demitiu comandantes com ‘mau desempenho’
Inteligência do Ministério da Defesa britânico afirmou que militares russos de alto escalão foram suspensos por falharem em seus objetivos
A inteligência do Ministério da Defesa do Reino Unido disse nesta sexta-feira, 20, que a Rússia demitiu comandantes de alto escalão que tiveram “desempenho considerado ruim” durante os estágios iniciais da invasão da Ucrânia.
“O tenente-general Serhiy Kisel, que comandou a elite do 1º Exército Blindado de Guardas, foi suspenso por não ter capturado Kharkiv“, publicou a pasta no Twitter.
“O vice-almirante Igor Ospipov, que comandou a Frota Russa do Mar Negro, também foi suspenso após o naufrágio do cruzador Moskva em abril”, completou.
O chefe do Estado-Maior da Rússia, Valeriy Gerasimov, “provavelmente” permanece em seu posto, mas “não está claro” se ele mantém a confiança do presidente Vladimir Putin, continuou o comunicado.
A atualização da inteligência britânica também disse que existe uma cultura de bode expiatório “provavelmente predominante” dentro do sistema militar e de segurança russo.
“Muitos funcionários envolvidos na invasão da Ucrânia provavelmente ficarão cada vez mais distraídos com os esforços para evitar a culpa individual pelos contratempos operacionais da Rússia”, disse o comunicado.
“Isso provavelmente sobrecarregará ainda mais o modelo centralizado de comando e controle da Rússia, já que os oficiais buscam cada vez mais passar decisões importantes para seus superiores”, acrescentou.
O exército de Putin parece estar em maus lençóis. Em um sinal da necessidade urgente de incrementar suas forças na guerra na Ucrânia, o parlamento disse nesta sexta-feira que consideraria um projeto de lei para permitir que russos com mais de 40 anos e estrangeiros com mais de 30 se alistem nas forças armadas.
“Para o uso de armas de alta precisão, a operação de armas e equipamentos militares, são necessários especialistas altamente profissionais. A experiência mostra que eles se tornam assim aos 40-45 anos”, disse.
Atualmente, apenas russos de 18 a 40 anos e estrangeiros de 18 a 30 anos podem assinar contrato com os militares.
A Rússia sofreu enormes reveses e grandes perdas de pessoas e equipamentos durante os 86 dias de guerra, na qual a Ucrânia mobilizou praticamente toda a sua população masculina adulta. Apesar de assumir o controle total das ruínas de Mariupol, Moscou continua longe de seu objetivo de tomar toda a região de Donbas, no leste da Ucrânia.
“Claramente, os russos estão com problemas. Esta é a mais recente tentativa de resolver a escassez de pessoas sem alarmar sua própria população. Mas está ficando cada vez mais difícil para o Kremlin disfarçar seus fracassos na Ucrânia”, disse o general aposentado dos Estados Unidos Ben Hodges, ex-comandante das forças do Exército americano na Europa.
Em movimento paralelo, o ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, disse nesta sexta-feira que a Rússia formaria 12 unidades militares em seu distrito ocidental, citando propostas de adesão à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) por parte da Finlândia e da Suécia.