Regime endurece bombardeio no 10º dia de ataque a Homs
Obama e Cameron conversam sobre a crise no país e condenam a repressão
As forças de segurança sírias continuam nesta terça-feira com o brutal bombardeio ao reduto opositor de Homs, no centro do país, alvo de uma ofensiva iniciada há dez dias pelo regime do ditador Bashar Assad. O principal alvo continua sendo o castigado bairro de Baba Amr, onde se ouviram disparos e sobre o qual sobrevoaram helicópteros a baixa altura nesta manhã, quando pelo menos três pessoas morreram.
Entenda o caso
- • Na onda da Primavera Árabe, que teve início na Tunísia, sírios saíram às ruas em 15 de março para protestar contra o regime de Bashar Assad, no poder há 11 anos.
- • Desde então, os rebeldes sofrem violenta repressão pelas forças de segurança do ditador, que já mataram mais de 5.400 pessoas no país, de acordo com a ONU, que vai investigar denúncias de crimes contra a humanidade no país.
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“O bombardeio de Baba Amr que começou ao amanhecer é o mais violento dos últimos cinco dias. São dois foguetes por minuto”, afirmou Rami Abdel Rahmane, diretor do Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH).
“A situação é trágica. Há mulheres grávidas, pessoas com problemas cardíacos, diabéticos e, principalmente, pessoas feridas que não podem ser retiradas”, disse Hadi Abdullah, um ativista de Homs, confirmando que os bombardeios sobre Bab Amr estão pesados. “Na segunda-feira à noite, três ativistas entraram na cidade de carro com pão, leite infantil e remédios, e o carro foi atingido por um foguete. Os três morreram”, contou. “Nós afirmamos que era perigoso, mas eles disseram ‘se nós não ajudarmos os moradores, quem vai?'”, relatou Abdullah.
A Comissão Geral da Revolução Síria informou que os bombardeios são indiscriminados. Na província sulina de Deraa, seis carros blindados invadiram uma localidade, prendendo inúmeras pessoas. As informações não podem ser confirmadas de forma independente devido às restrições impostas pelo regime sírio ao trabalho dos jornalistas.
Diplomacia – Enquanto isso, o presidente americano Barack Obama e o primeiro-ministro britânico David Cameron renovaram a condenação à repressão na Síria em uma conversa telefônica, informou nesta terça-feira a Casa Branca. “Falaram sobre a situação na Síria, condenando a violenta repressão do regime contra seu próprio povo, e concordaram sobre a necessidade de coordenar estreitamente o aumento da pressão sobre o regime de Bashar Assad e apoiar uma transição para a democracia”, afirma um comunicado da Casa Branca.
Nos últimos dias, as mobilizações de movimentos diplomáticos para pressionar Damasco têm aumentado. A ONU alertou na segunda-feira que a Síria entrará “em breve” em uma guerra civil se continuarem os ataques indiscriminados à população civil pelas forças governamentais, por isso pediu a ação da comunidade internacional para que a violência chegue ao fim.
Há dois dias, a Liga Árabe concordou em pedir ao Conselho de Segurança da ONU a formação de uma força de paz conjunta para a Síria, assim como retirar seus embaixadores do país e aumentar as sanções econômicas contra o regime de Assad. (Com agências EFE e France-Presse)