Redes sociais questionam repercussão após atentado na Somália
Comentários apontam para a diferença na forma como o mundo está reagindo a esse ataque e como respondeu a outros, ocorridos na Europa e nos EUA
No sábado, um ataque terrorista com caminhão-bomba em Mogadíscio, na Somália, matou 300 pessoas e deixou outras 200 feridas. Não só foi o pior atentado terrorista na história do país africano, mas também um dos mais mortais enfrentado por qualquer outra nação do mundo.
Contudo, muitas pessoas nas redes sociais questionaram a atenção dada à tragédia por outros internautas e pela imprensa. Os comentários apontam para a diferença na forma como o mundo está reagindo a esse ataque e como respondeu a outros, que ocorreram na Europa e nos Estados Unidos.
Nos últimos dias, hashtags como #IAmMogadishu (Eu sou Mogadíscio) ou #PrayForSomalia (Rezem pela Somália) foram usadas em todo o mundo, mas não figuraram entre os assuntos mais comentados do Twitter, como aconteceu em outros ataques. “A explosão de Mogadíscio não é nem trending [no Twitter]… África você está por conta própria…”, tuitou um usuário.
Depois de ataques em Paris, Nice, Berlim, Orlando, Manchester, Londres e Las Vegas, hashtags como #PrayforLondon (Rezem por Londres) ou #JeSuisParis (Eu sou Paris) rapidamente se espalharam pelas redes sociais. Agora, os internautas se perguntam por que foi registrado pouco apoio para as vítimas da Somália, apesar da cifra inacreditável de mortos.
Segundo a ferramenta de gestão de redes sociais Sprout Social, a hashatg #PrayForSomalia foi mencionada em no máximo 25.000 tuítes por dia entre 14 e 17 de outubro. Já #PrayForLasVegas foi usada quase 250.000 vezes nos dias após o atentado do início do mês na cidade americana.
“Essas vidas importam tanto como qualquer outra no mundo. Eles merecem nossa atenção. #Mogadíscio”, tuitou Peter Daou, criador do site Verrit.
Muitos brasileiros também lamentaram a falta de comoção mundial.
O ataque
Centenas de pessoas saíram às ruas na Somália nesta quarta para lembrar as vítimas do ataque. Com faixas vermelhas amarradas na cabeça, os participantes da manifestação passaram pelos locais da explosão de um caminhão-bomba em um bairro movimentado da capital, antes de se reunirem em um estádio, aos gritos de “estamos prontos para lutar”.
Apesar de habituada a atentados e ataques de extremistas, Mogadíscio ficou particularmente chocada com a explosão, que deixou 300 mortos e 200 feridos. O atentado não foi reivindicado, mas as autoridades não têm qualquer dúvida sobre a responsabilidade dos islamitas somalis do grupo Al Shabab, vinculado à Al Qaeda, que lançam frequentemente atentados suicidas em Mogadíscio e arredores.
Diante da multidão, o presidente Mohamed Abdullahi Mohamed prometeu intensificar a guerra contra os terroristas. “Se não respondermos hoje, é certo que chegará o momento em que serão nossos próprios corpos em pedaços que serão recolhidos do chão. Devemos resistir juntos e combater os shebab, que continuam a massacrar nosso povo”, disse.