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QAnon, a rede conspiratória que atuou na invasão ao Capitólio

Membros da rede de extrema-direita estão por trás da manifestação que tomou o Congresso americano

Por Duda Monteiro de Barros Atualizado em 8 jan 2021, 13h02 - Publicado em 7 jan 2021, 19h42

Entre a multidão que invadiu o Capitólio, sede do Congresso dos EUA, na quarta-feira, 6, se destacavam membros da rede conspiratória composta por apoiadores do presidente Trump: QAnon. A ação dos ativistas terminou em pelo menos quatro mortes, e dentre as vítimas está uma mulher integrante do movimento.

Além da mulher baleada, outro apoiador da QAnon ganhou destaque durante a invasão ao prédio do Congresso americano. Vestindo uma pele animal e chapéu com chifres, além do rosto pintado nas cores da bandeira dos EUA, o aspirante a ator Jake Angeli circulou pelo Capitólio com um megafone em mãos. Apelidado de “Q Shaman”, o homem de 32 anos de idade vindo do Arizona tornou-se um símbolo da invasão à casa da democracia.  

O movimento QAnon surgiu em 2017, após uma publicação na rede social 4chan, em que um usuário afirmou ter um nível de aprovação de segurança dos EUA conhecido como “autorização Q”. Essas mensagens ficaram conhecidas como “Q drops” ou “breadcrumbs”, muitas vezes escritas em linguagem enigmática salpicada de slogans, promessas e temas pró-Trump.

Em sua essência, o QAnon é uma teoria ampla e completamente infundada que diz que o presidente Trump está travando uma guerra secreta contra os pedófilos adoradores de Satanás do alto escalão do governo, do mundo empresarial e da imprensa. Seus apoiadores vaticinam que esta luta levará  um dia a um ajuste de contas, em que pessoas proeminentes, como a ex-candidata presidencial Hillary Clinton, serão presas e executadas. 

O movimento tem múltiplos desdobramentos, desvios e debates internos e a lista total de afirmações do QAnon é enorme – e muitas vezes contraditória. Os adeptos recorrem a eventos de notícias, fatos históricos e numerologia para desenvolver suas próprias teorias e conclusões rebuscadas. 

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Desde seu nascimento, o QAnon passou por uma evolução surpreendente, a ponto de alguns se referirem a ele no contexto não de uma teoria da conspiração de extrema-direita, mas de uma nova religião. O presidente Trump e sua recusa repetida em condenar a teoria da conspiração contribuíram para a consolidação do movimento, ampliando os influenciadores da QAnon ao republicá-los nas redes sociais e promovendo candidatos ao Congresso como Marjorie Taylor Greene, que apoiou abertamente o QAnon. 

Durante a corrida eleitoral de 2020, quando questionado sobre a rede conspiratória em um debate com Biden, o presidente disse que não conhecia muito sobre o grupo, apenas que “são contra a pedofilia”. E completou: “Vou contar o que sei, conheço a antifa e a esquerda radical”, disse. 

À medida que os resultados da eleição pareciam cada vez mais desfavoráveis ​​a Trump, muitos se perguntavam se os apoiadores do QAnon, cuja crença é baseada na ideia de que Trump permanecerá no cargo para destruir os males da esquerda, finalmente ficariam desiludidos. Mas parece ter acontecido exatamente o oposto, em grande parte graças ao próprio Trump, que promoveu repetidamente e com firmeza a ideia de que a eleição foi ilegítima. 

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Na manifestação que ocorreu ontem, o QAnon provou que os impactos das teorias conspiratórias não estão restritos ao ambiente on-line. Resta aguardar os desdobramentos da invasão e monitorar os próximos passos da rede até a posse de Joe Biden, que acontecerá no dia 20 de janeiro.

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