O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, se negou a condenar de maneira inequívoca organizações de supremacistas brancos durante o primeiro debate contra o seu rival nas eleições de novembro, o ex-vice-presidente Joe Biden. Nesta terça-feira 29 Trump ainda fez aceno para uma milícia nacionalista conhecida como Proud Boys (Meninos orgulhoso, em inglês).
“Proud Boys… recuem e fiquem parados. Mas eu vou te dizer uma coisa. Eu vou te dizer uma coisa. Alguém tem que fazer algo a respeito da Antifa e da esquerda, porque isso [milícias] não é um problema da direita”, respondeu Trump ao moderador do debate, o jornalista Chris Wallace, da Fox News.
Wallace havia solicitado do presidente uma condenação sem reservas a grupos supremacistas brancos. “Donald Trump deve aos americanos uma explicação ou desculpas. Agora”, comentou Jonathan Greenblatt, presidente da Liga Antidifamação (ADL), uma organização de luta contra o antissemitismo.
Diversos integrantes da Proud Boys reagiram ao comentário do presidente com aprovação pelas redes sociais, em especial no Telegram e na rede social Parler — o grupo já foi banido de Facebook, Twitter, Instagram e YouTube —, com comentários como “recuando e ficando parado, senhor”. O nome do grupo estava até a manhã desta quarta-feira, 30, entre os trendings do Parler.
A Proud Boys é uma milícia armada e neofascista, exclusivamente masculina, fundada em Nova York em meio à corrida eleitoral de 2016, vencida por Trump. Segundo o jornal The Guardian, a Proud Boys deve ter algumas centenas de integrantes.
Seus membros são principalmente defensores do direito ao porte de armas, contrários a equidade de gênero e acreditam em teorias conspiratórias sobre um “genocídio das populações brancas”. Eles costumam usar o boné vermelho do “Make America Great Again”, das campanhas eleitorais de Trump em 2016 e em 2020, e camisas polo pretas.
A milícia é notória por perseguir ativistas associados à esquerda e por provocar violência durante manifestações associadas a minorias. Estiveram presente no contexto dos conflitos racias desencadeados neste ano desde a morte do afroamericano George Floyd, em maio.
A Proud Boys é classificada pelo FBI como um “grupo extremista” desde 2018 e pela ADL como uma organização machista, islamofóbica, transfóbica e anti-migração. A organização americana de pesquisa Southern Poverty Law Center (SPLC) lista a Proud Boys como um grupo de ódio.
Um ex-membro do grupo, Jason Kessler, foi um dos principais organizadores da notória passeata neonazista em Charlottesville em 2017, que desencadeou uma série de conflitos durante os quais uma ativista dos direitos civis foi morta atropelada por um supremacista branco — esse foi o mesmo episódio em que Trump disse haver “pessoas boas” de todos os lados.
(Com AFP)