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Protestos e tiros marcam funeral de presidente assassinado do Haiti

Representantes internacionais foram retirados às pressas do local em busca de cobertura após relatos de tiros e uso de gás lacrimogêneo

Por Da Redação Atualizado em 23 jul 2021, 18h27 - Publicado em 23 jul 2021, 17h32
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  • Em meio a um clima de instabilidade em todo o país, uma confusão do lado de fora do funeral do presidente haitiano, Jovenel Moïse, assassinado a tiros há duas semanas, fez com que representantes internacionais e enlutados fossem retirados às pressas do local nesta sexta-feira, 23. Muitos se moveram em busca de cobertura após relatos de disparos de tiros e uso de gás lacrimogêneo.

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    O caixão com o corpo do presidente foi carregado por uma comitiva de militares em Cap-Haitien em uma cerimônia a portas fechadas. No entanto, havia manifestações do lado de fora, pelo terceiro dia consecutivo, e testemunhas citadas pela agência Reuters afirmam que a polícia usou gás lacrimogêneo para controlar os protestos. Não houve relatos imediatos de feridos entre os manifestantes ou autoridades.

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    De acordo com a Reuters, uma delegação dos Estados Unidos, que incluía a embaixadora americana na Organização das Nações Unidas, Linda Thomas-Greenfield, estava entre as pessoas levadas às pressas para veículos em áreas protegidas. Entre outros dignitários estrangeiros estava o novo enviado de Washington ao Haiti, Daniel Foote.

    “A delegação presidencial está segura à luz dos relatos de tiroteios do lado de fora do funeral”, afirmou a secretária de imprensa da Casa Branca, Jen Psaki. “Estamos profundamente preocupados com a agitação no Haiti”. 

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    Em publicação no Twitter, Thomas-Greenfield pediu que manifestações sejam pacíficas.

    “O povo haitiano merece democracia, estabilidade, segurança e prosperidade, e estamos com eles neste tempo de crise. Instamos que todos se expressem de maneira pacífica e evitem a violência”, escreveu.

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    Manifestações já acontecem há três dias em Cap-Haitien, cidade-natal de Moïse, há três dias. Na quinta-feira, enquanto os trabalhadores montavam os preparativos para o funeral, manifestantes incendiaram pneus para bloquear vias próximas e ao menos uma pessoa morreu.

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    Os apoiadores do ex-presidente protestam pelas muitas perguntas ainda não respondidas sobre o assassinato, realizado na quarta-feira 7. O governo afirma ter sido executado por uma equipe composta por mercenários colombianos.

    Até o momento, no entanto, não há conclusão sobre quem foi o mandante do assassinato, nem o motivo que levou ao crime. De acordo com o governo, o presidente foi executado por uma equipe composta por um grupo de mercenários, incluindo militares colombianos aposentados. Mais de 20 pessoas foram presas até o momento.

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    Nesta sexta-feira, a viúva de Moïse, Martine, pediu justiça e afirmou que o presidente foi “abandonado e traído”. Segundo ela, “o maior pecado” de Moïse foi “amar o seu país e defender os mais necessitados conta a ganância de outros”.

    “Foi brutalmente assassinado. Houve uma conspiração, eles o odiavam, atiravam veneno”, disse a primeira-dama, ao completar que “as aves de rapina” que mataram o seu marido “ainda estão soltas nas ruas, sem sequer se esconder, e sim observando e ouvindo”.

    Em meio à indignação, a viúva pediu que “o sangue do presidente não seja derramado em vão”.

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    Instabilidade

    A morte do presidente deixou o clima político ainda mais instável no país. Na segunda-feira, o primeiro-ministro interino Claude Joseph, no comando desde o assassinato, concordou em renunciar ao cargo. Ele passa o posto para Ariel Henry, que tentará encerrar a disputa pelo poder no país.

    Nos dias após o assassinato, dentro da residência oficial em Porto Príncipe, governos estrangeiros e organizações internacionais haviam inicialmente reconhecido Joseph como líder de fato do país. Alguns dias depois, porém, um bloco informal de embaixadores que inclui os Estados Unidos enfatizou a necessidade de “um governo consensual e inclusivo” encabeçado por Henry.

    O motivo para a mudança de apoio não está claro, mas na semana passada a rede de televisão colombiana Caracol divulgou uma reportagem afirmando que Joseph estaria sendo investigado como um dos mandantes do magnicídio. As autoridades haitianas, no entanto, dizem não haver indícios de que ele esteja envolvido com o crime. Ele também nega qualquer participação.

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    Internamente, grupos da sociedade civil defendem que seja formado um governo interino independente da disputa partidária no país. Muitos dizem que não reconhecerão qualquer um nomeado por Moïse, já que seu mandato deveria ter terminado em 7 de fevereiro deste ano, exatos cinco anos após seu antecessor, Michel Martelly, sair da chefia do Estado.

    O impasse político se tornou ainda mais complicado com o esvaziamento de que muitas das instituições democráticas do país durante o mandato de Moïse. Apenas 10 dos 30 senadores que ocupavam a Câmara Alta nos anos anteriores ainda permanecem em seus cargos, porque o mandato dos outros 20 expirou não foram realizadas eleições para substituí-los.

    Já a Câmara dos Deputados está totalmente vaga desde o ano passado, quando os mandatos de seus membros expiraram. Moïse governava por decreto antes de ser morto.

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