Procuradora italiana diz que não há dúvidas de que Ruby se prostituía
Mansão em Arcore era sistema de satisfação sexual de Berlusconi, segundo ela
A procuradora Ilda Boccassini, conhecida por sua combatividade contra o ex-premiê Silvio Berlusconi na justiça italiana, disse nesta segunda-feira que “não há dúvidas” de que a marroquina Karima El Mahroug, mais conhecida como Ruby, prostituía-se. Ilda apresentou nesta segunda-feira ao tribunal de Milão a sua conclusão sobre o Rubygate, caso em que Berlusconi é acusado de pagar por sexo com uma menor de idade, informou o jornal Corriere della Sera.
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Entenda o caso
- • A marroquina Karima el-Mahroug, conhecida como Ruby Rubacuore (“Rouba Corações”, em italiano) tinha 17 anos quando contou a magistrados de Milão que compareceu a festas na casa de Berlusconi.
- • A jovem, que estava ilegalmente na Itália, foi presa em maio de 2010, por roubar 4.000 euros, e imediatamente libertada após uma ligação do “amigo” poderoso.
- • Em janeiro de 2011, a Justiça abriu um processo contra o ex-premiê italiano, que é acusado de abuso de poder (por ter pedido para que Ruby fosse solta) e por incitação à prostituição de menores (pois teria feito sexo com a jovem – o que ambos negam).
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“Arcore era um sistema de prostituição organizado para a satisfação sexual de Silvio Berlusconi”, denunciou Ilda, em referência à mansão do ex-premiê na cidade italiana de Arcore que abrigava as chamadas festas “bunga-bunga” (orgias).
Para a procuradora, Ruby frequentou as festas para “conseguir dinheiro fácil e a possibilidade de trabalhar no mundo do espetáculo, como outras jovens”. “É difícil acreditar que uma moça possa ter milhares de euros fazendo animações”, disse Ilda, segundo a qual a jovem recebia mensagens no celular de conteúdo “constrangedor” e já foi vista fazendo compras em um bairro de lojas de grife em Milão. “Para comprar uma bolsa no quarteirão da moda de Milão, não gastava menos que 1.500 euros”.
Segundo a procuradora, tanto o jornalista Emilio Fede quanto o “caça-talentos” Lele Mora, colaboradores próximos de Berlusconi, sabiam que Ruby era menor de idade quando frequentava as festas bunga-bunga. “Podemos imaginar que uma pessoa com fidelidade como Fede não tivesse dito a Berlusconi que levou a Arcore uma menor de idade?”, questionou Ilda.
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Sonho italiano – “Ruby foi vítima do sonho italiano negativo, das moças das últimas gerações na Itália, que têm como único objetivo entrar no mundo do espetáculo e fazer dinheiro”, disse Ilda. Segundo ela, Ruby inventou uma história dizendo que era muçulmana e vítima de maus-tratos de um pai violento. “Os pais são pessoas humildes que não conseguiram freá-la”, disse.
Além disso, Ilda disse que a versão de Berlusconi, de que resgatou Ruby da prisão por roubar dinheiro de uma colega de apartamento, para evitar um incidente diplomático – segundo ele, Ruby havia lhe dito que era sobrinha do então presidente egípcio Hosni Mubarak – é ridícula. Ruby negou de imediato que era sobrinha de Mubarak assim que a polícia entrou em contato com ela, disse Ilda.