Premiê belga rejeita demissão de ministros após falhas na prevenção dos atentados
Charles Michel decidiu não aceitar as duas demissões ao considerar que, no contexto atual, não pode ficar sem seus ministros do Interior e Justiça
Por Da Redação
24 mar 2016, 12h57
O primeiro-ministro da Bélgica, Charles Michel, se negou nesta quinta-feira a aceitar as cartas de renúncia dos ministros do Interior, Jan Jambon, e de Justiça, Koen Geens, após falhas no caso de Ibrahim el Bakraoui, um dos terroristas responsáveis pelos atentados no aeroporto de Zaventem na última terça-feira. Ontem, o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, disse que Bakraoui foi preso no país e extraditado à Holanda em 2015. As declarações provocaram a convocação de uma reunião ministerial sigilosa do governo belga para avaliar as informações.
Michel decidiu não aceitar as duas demissões ao considerar que, no contexto atual, dois dias depois dos ataques contra o aeroporto de Zaventem e a estação de metrô de Maelbeek, ambos em Bruxelas, não pode ficar sem seus ministros do Interior e Justiça. Erdogan garantiu que Holanda e Bélgica foram avisadas que Bakraoui era um “combatente estrangeiro”. Inclusive, o jihadista teria sido extraditado à Holanda a pedido do próprio país.
Geens disse ontem que a Bélgica desconhecia os vínculos de Bakraoui com o terrorismo. Em entrevista à emissora VRT, o ministro da Justiça destacou que “não houve uma extradição”, mas sim um “reenvio à fronteira síria por parte da Turquia”. O ministro não soube afirmar com certeza se a Bélgica tinha ciência da operação. Além disso, disse desconhecer os motivos que levaram Bakraoui ser deportado à Holanda.
De acordo com o jornal Standaard, El Bakraoui foi condenado a nove anos de prisão em 2011 por assalto à mão armada e libertado três anos depois, na Bélgica. Após sair da prisão, ele foi de novo procurado pelas autoridades porque não tinha respeitado as regras da liberdade condicional. Também de acordo com a imprensa, Os serviços de segurança e inteligência belgas, bem como outras agências de inteligência ocidentais, tinham “avançados e precisos” avisos sobre a possibilidade de ataques terroristas na Bélgica. Os serviços de segurança sabiam, “com um elevado grau de certeza”, de que estavam sendo planejados ataques para um futuro muito próximo visando o aeroporto e, aparentemente, o metrô também.
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