Prefeito é investigado por ‘troca de lado’ da Ucrânia para a Rússia
De acordo com Procuradoria-Geral, Volodymyr Bandura divulgou nas redes sociais um 'apelo no qual promoveu as ideias do mundo russo'
A Procuradoria-Geral da Ucrânia disse nesta terça-feira, 14, que o prefeito da cidade de Sviatohirsk, Volodymyr Bandura, está sendo investigado por suspeitas de traição sob lei marcial.
De acordo com o órgão, o político pode ter “passado para o lado inimigo” e divulgado pela mídia “um apelo no qual promoveu as ideias do mundo russo”. Em documento publicado em seu site, a Procuradoria-Geral disse ainda que Bandura aceitou a proposta da Rússia de assumir o cargo de chefia da cidade, recentemente conquistada pelas tropas do país.
+ Papa Francisco insinua que Guerra da Ucrânia foi provocada pelo Ocidente
Na última segunda-feira, 13, o líder da autoproclamada República Popular de Donetsk, região separatista pró-Rússia no leste ucraniano, Denis Pushilin, havia informado que o prefeito havia se juntado a eles.
“Estamos em contato com ele há muito tempo, que estava esperando, assim como muitos moradores de Sviatohirsk, pela libertação e apoia uma operação militar especial”, disse Pushilin em um post no Telegram, que contém ainda uma foto do encontro entre ambos.
A cidade vinha sofrendo com ataques das tropas russas nas últimas semanas e é um prêmio fundamental para a moral russa no avanço em direção a Sloviansk, no sul da Ucrânia.
“Por razões óbvias, ele teve que esconder sua posição para manter as pessoas seguras”, completou Pushilin, acrescentando que Bandura é respeitado e apoiado pelos moradores e por isso foi recompensado com o cargo de chefe da administração de Sviatohirsk.
Em paralelo, o Ministério da Defesa da Rússia pediu para que os combatentes ucranianos em Severodonetsk se rendam “como aconteceu com seus camaradas em Mariupol”.
+ Ucrânia diz que resiste em Severodonetsk para salvar civis
“Pedimos às autoridades de Kiev que mostrem prudência e deem instruções apropriadas aos militantes para que parem com a resistência sem sentido e se retirem da usina química Azot”, disse o órgão em comunicado à imprensa.
O Ministério disse ainda que está planejando a realização de uma “operação humanitária” na próxima quarta-feira, 15, para a retirada de civis da região da fábrica controlada pela Ucrânia em direção à cidade de Svatove, território de domínio russo.
O chefe da administração militar ucraniana de Severodonetsk disse nesta terça que pouco mais de 500 civis continuam abrigados na usina química, que tem sido alvo de constantes bombardeios russos.
O Ministério da Defesa russo disse ainda que o governo ucraniano solicitou a criação de um corredor humanitário para evacuação de civis em direção a Lysychansk, cidade ainda sob controle da Ucrânia, mas que “não é possível a realização com segurança nessa direção porque as três principais pontes estão intransitáveis”.
+ Rússia lucrou US$ 97 bi com exportação de energia desde o início da guerra
Em resposta, o líder administrativo de Luhansk, Serhiy Haidai, disse à rede CNN que a travessia é “difícil, mas não impossível” e que as retiradas foram lentas devido ao constante bombardeio na região.
Ao pedir a rendição dos combatentes ucranianos, o Ministério da Defesa da Rússia afirmou que irá garantir “a preservação de vidas e a observância de todas as normas da Convenção de Genebra para o tratamento de prisioneiros de guerra, como aconteceu com seus camaradas que anteriormente se renderam em Mariupol”.