Do mesmo criador de “é permitido abençoar casais gays, mas não uni-los em matrimônio” e de “homossexualidade não é crime, mas continua pecado”, vem aí “o prazer sexual é um presente de Deus, mas católicos não devem consumir pornografia”. Autor de todos esses preceitos progressistas, porém ainda em conformidade com a doutrina da Igreja, o papa Francisco proferiu a última fala nesta quarta-feira, 17, durante sua audiência geral na Praça de São Pedro.
O pontífice realizou uma catequese dedicada ao “vício da luxúria” nesta quarta, na qual declarou que o prazer sexual era algo a ser valorizado. No entanto, Francisco alertou que o sexo está sendo “minado pela pornografia”, e argumentou que “a satisfação sem relacionamento pode gerar formas de dependência”.
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“Devemos defender o amor”, defendeu o papa, mas “vencer a batalha da luxúria pode ser uma tarefa para toda a vida”.
O livro que suscitou as falas do papa
A audiência desta quarta pareceu quase uma resposta direta aos cardeais conservadores que batem ponto para criticar o pontífice – desta vez, por causa de um livro. Embora tenha sido publicado há tempos, em 1998, na semana passada a obra veio à tona novamente devido à fúria da ala tradicionalista do Vaticano contra o novo chefe do Dicastério para a Doutrina da Fé, por sua permissão de que padres abençoem casais gays.
O chefe doutrinário da Igreja Católica, o cardeal argentino Victor Manuel Fernandez, é amigo de longa data do papa e foi escolhido para o cargo por Francisco em setembro do ano passado. Também é autor do livro em língua espanhola intitulado “A Paixão Mística: Espiritualidade e Sensualidade“, que inclui descrições explícitas sobre as diferenças entre orgasmos masculinos e femininos. A obra tem um tom semelhante a outro livro que Fernandez escreveu na juventude, que gerou escândalo logo após sua nomeação, “Me Cure com Sua Boca: A arte de beijar“.
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Em resposta ao escândalo mais recente, Fernández declarou ao jornal independente do Vaticano Crux: “Eu certamente não escreveria [isso] agora”.
Outras menções de Francisco ao sexo
Em 2022, durante uma conversa com seminaristas sobre os perigos das redes sociais, o papa alertou contra o “diabo” da pornografia digital, ao mesmo tempo que admitiu que padres e freiras também veem pornografia online.
“É um vício que tanta gente tem. Tantos leigos, tantas leigas, e também padres e freiras”, disse ele. “O diabo entra por aí.”
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No final de 2020, o Vaticano ficou numa situação embaraçosa quando foi forçado a “procurar explicações” depois que o Instagram oficial do papa Francisco, que, como todas as suas contas nas redes sociais, é gerido por uma equipe, “curtiu” uma fotografia da modelo brasileira Natalia Garibotto. O “like” ficou visível na postagem por vários dias antes de desparecer.
Na época, o Vaticano disse: “Podemos excluir [a possibilidade] de que o ‘like’ tenha vindo da Santa Sé”.
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