Por relógio furtado, defesa quer anular processo de ‘Carlos’
Advogada do terrorista disse que crime é 'incompatível com o direito de julgar'
A defesa do terrorista venezuelano Ilich Ramírez Sánchez, conhecido como “Carlos, o Chacal”, pediu nesta terça-feira a anulação de sua segunda condenação à prisão perpétua, anunciada no último dia 15 de dezembro. O motivo: durante o processo, um dos juízes furtou um pêndulo do século XIX do Palácio da Justiça de Paris.
Entenda o caso
- • Na França, “Carlos, o Chacal” foi condenado por organizar quatro atentados nos anos 80, com o objetivo de libertar dois cúmplices.
- • Os ataques deixaram 11 mortos: 5 em um trem em 1982, 1 após um carro-bomba ser acionado em frente à sede de uma revista no mesmo ano, 2 em um atentado a uma estação de trem e mais 3 no ataque a outro trem – estes dois últimos, em 1983.
- • O terrorista foi preso no Sudão em 1994 e não saiu mais das prisões francesas – onde cumpre pena perpétua pela morte de três homens, entre eles dois policiais, em 1975.
Segundo Isabelle Coutant Peyre, advogada e mulher de “Carlos”, tal comportamento é “incompatível com o direito de julgar alguém”, indicou em uma carta dirigida ao presidente do Tribunal de Apelação. A advogada se queixou porque os envolvidos no julgamento não foram informados do crime e só tomaram conhecimento do furto pela imprensa. Isabelle disse que o veredito do tribunal está manchado por um “vício congênito” e pediu a anulação da sentença.
O furto do relógio foi revelado pela imprensa francesa em 23 de dezembro. O magistrado, de quem só foi revelada a idade – 63 anos – furtou um pêndulo do escritório do presidente do Palácio da Justiça durante o processo contra “Carlos”, acusado de cometer quatro atentados fatais na França em 1982 e 1983.
O funcionário encarregado de regular o relógio denunciou o crime e foi aberta uma investigação sobre o fato. As câmaras de segurança da sala da presidência mostraram que o juiz foi o autor do furto – mais tarde, ele assumiu a autoria do crime.
O pedido de anulação do julgamento de “Carlos, o Chacal” ocorre antes de a defesa formular a apelação. Após conhecer o veredito do dia 15 de dezembro, os advogados do venezuelano disseram que iriam recorrer do veredicto por considerar a decisão arbitrária e os juízes poucos independentes.
(Com agência EFE)