‘Pessoas vão morrer em poucas horas’, relata médico de MSF em Gaza
Médico informou que equipe concordou em abandonar ambulatório após retirada de todos os pacientes; 600 pessoas foram internadas
Um cirurgião da organização internacional Médico Sem Fronteiras (MSF) disse nesta segunda-feira, 13, que a falta de eletricidade, água e comida em Gaza provocará a morte de vários pacientes. A organização não governamental, sem identificar a identidade do profissional que atua no hospital Al-Shifa, descreveu a condição da equipe médica e daqueles que são atendidos como “terrível” e alertou para a “rápida deterioração das condições no local”.
“Não temos eletricidade. Não há água no hospital. Não há comida. Pessoas vão morrer em poucas horas sem ventiladores mecânicos que funcionem”, advertiu o cirurgião. “Em frente ao portão principal há muitos corpos. Há também pacientes feridos e não conseguimos trazê-los para dentro”.
O voluntário relatou que uma ambulância, que ia em direção aos feridos, foi atacada a poucos metros de distância do hospital. O centro de atendimento não é capaz de suprir as demandas da população do trecho, que era ocupado por mais de 2,3 milhões de pessoas antes do início da guerra Israel-Hamas, em 7 de outubro.
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O médico alegou que um franco-atirador atingiu pacientes e que três foram operados, definindo a situação atual como “desumana” e “muito ruim”. Ele informou que a equipe concordou em abandonar o ambulatório apenas após a retirada de todos os pacientes. Ao todo, a casa de saúde atende 600 internados.
“Esta é uma área fechada, ninguém sabe o que está acontecendo conosco. Não temos conexão de internet, você conseguiu ligar agora para mim, talvez tenha que tentar dez vezes antes de conseguir outro contato comigo”, acrescenta. “Precisamos de uma garantia de que haja um corredor seguro porque vimos pessoas tentando sair do Al-Shifa e eles os mataram, eles foram bombardeados, o franco-atirador os matou.”
O Ministério da Saúde palestino informou neste domingo que 45 recém-nascidos prematuros foram retirados das incubadoras por falta de energia no Al-Shifa. Até o momento do comunicado, três haviam morrido. Os pequenos sobreviventes estão enrolados em toalhas molhadas com água quente e cobertores térmicos, em uma tentativa de salvá-los para que sejam transferidos para outra unidade.