A relação do Brasil com os Estados Unidos permanecerá sólida, apesar do surgimento de novos pólos de poder no mundo, declarou o chanceler Antonio Patriota nesta segunda-feira, no início da primeira visita oficial da presidente Dilma Rousseff a Washington.
Os dois países devem também estreitar sua cooperação, acrescentou Patriota, que retomou assim o pedido feito momentos antes por sua colega americana, Hillary Clinton, com quem inaugurou um seminário binacional de empresários na Câmara do Comércio.
O Brasil é um sócio responsável dos Estados Unidos na arena internacional, mas a cooperação entre os dois países deve aumentar inevitavelmente, declarou Hillary.
O próprio crescimento econômico e estratégico apresenta desafios ao Brasil, que só pode resolvê-los com a ajuda de outras nações como os Estados Unidos, destacou a chefe da diplomacia americana.
“O que o Brasil faz tem impacto na segurança e na estabilidade mundiais”, completou.
“Nossa região e o mundo enfrentam desafios complexos e precisamos do Brasil para resolvê-los”.
“E, paralelamente, o Brasil tem desafios complexos por seu poder crescente, que só pode resolver com a ajuda de outras nações, como os Estados Unidos”, disse.
Mas a balança comercial é amplamente deficitária para o Brasil, recordou Patriota.
“À medida que presenciamos a transformação para um mundo mais multipolar, o Brasil presta especial atenção a todos os pólos desta nova configuração”, afirmou Patriota.
O Brasil é um dos membros fundadores e líder do G20, que é o novo fórum de liderança diplomática e econômica mundial desde a crise financeira de 2008.
O governo Rousseff mantém a mesma linha de diplomacia ativa preconizada por seu antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva.
“Mas é importante ressaltar que não privilegiamos os novos pólos emergentes em comparação com os sócios mais tradicionais” (como os Estados Unidos), enfatizou Patriota em seu discurso.
“De fato, talvez a única vantagem comparativa do Brasil é que gostaríamos de ser um vínculo pacífico e construtivo entre todos os pólos”, explicou.
Nos anos recentes, o Brasil incomodou os Estados Unidos com suas tentativas de mediação em torno do programa nuclear iraniano, e mantém um tom crítico em relação às políticas monetárias e econômicas dos países avançados.
“Não estaremos sempre de acordo, mas na medida em que possamos enfrentar nossas diferenças construtivamente, nossa relação crescerá e nossos povos se beneficiarão”, enfatizou Hillary.
Estados Unidos e Brasil são as duas maiores democracias da região, lembrou ainda a secretária de Estado.
“E porque somos democracias, somos especialmente obrigados a dar o exemplo”, explicou.
Ao mesmo tempo, depois da visita do presidente Barack Obama ao Brasil há um ano, ambos os países abriram três fóruns diferentes de diálogo permanente nas frente econômica, diplomática e técnica.
O Brasil sofre um importante desequilíbrio comercial com os Estados Unidos, da ordem de 11 bilhões de dólares no ano passado.
“É algo que temos de examinar muito seriamente e vamos fazê-lo”, advertiu Patriota.